Corremos sérios riscos quando nos confinamos a rotinas e a circuitos mais ou menos isolados de funcionamento. Dantes ia para a escola de transporte público e sempre havia histórias, conversas que se apanhavam aqui e ali. No carro fica-se nas mãos da TSF e de outros que tais que nos mostram sempre histórias idênticas. Ou é o Santana que vai nomear um ou dois secretários de estado (ele nem sabe quantos são, exactamente!) ou o Pinto da Costa a queixar-se dos árbitros e a glorificar o fêquêpê ou um engenheiro da Vodafone a explicar-nos que o excesso de segurança social na nossa vida não é conveniente porque nos tornamos menos produtivos (e nem pergunta para quem e em nome de quê). As histórias novas, só mesmo quando nos metemos no Metro ou andamos de autocarro. Às vezes os motoristas de táxi também as têm boas.
Hoje, num percurso de cinco estações pude constatar o elogio da pregação de um pastor americano ouvido em cassetes, a possibilidade e a necessidade de montar mais uma igreja na Pontinha (parece que basta falar na Câmara e «estivesse cá o Menari e já estava, que ele era dos que andava com a gente na rua»), a felicidade pelo facto de o puto lá em casa já andar a aprender inglês (vai para a escola e já diz à professora, Jizas seive as). Fantástico, a igreja está cada vez mais frequentada e felizes os pastores. Lembrei-me da minha ida ao Harlem no Verão. Ainda há por aqui alguém que acredita nalguma coisa, mesmo ao lado, a caminho da Amadora-Este. Bem aventurados! Os outros fiam-se na Virgem e é o que se vê.
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