Adeus Lenine, mais do que um panfleto, pode ser uma história de valores. Os tais que toda a gente reconhece estarem a faltar na sociedade do consumo. Por exemplo, o cuidado, a dedicação e o respeito com que cuidamos dos nossos pais. Tivessem os regimes acabados no Leste criado miúdos como o protagonista e o saldo já não teria sido tão negativo quanto nos querem vender. Nesse aspecto é enternecedor.
A história da falência e as causas desse resultado estão ainda longe de ser completamente esclarecidas. De momento, pode concluir-se que um sistema perdeu em relação ao outro e resultados destes têm sido encontrados com frequência ao longo dos tempos. Os vencedores de agora podem perfeitamente ser os derrotados de amanhã. Assim temos evoluído. Portanto, os risos alarves e nervosos de chacota que ouvi a alguns dos espectadores traduzem, antes do mais, a aquisição de uma doutrina cultural da superioridade de um sistema sobre outro e está longe de ser um juízo imparcial e objectivo.
Ficará o mundo melhor quando se abandonam cursos para vender hamburgueres? Ou serão os discursos papagueados da menina dos King Burger o objectivo dos comportamentos sociais? Até que ponto, o marketing não substitui o ser-se? E estamos a ficar todos a parecer como forma de estar, abdicando de um mínimo do ser. A felicidade é estar cansado ao fim de um dia de trabalho sem se ter tempo de reflexão e alienarmo-nos ainda mais em frente de um canal de televisão que nos mostra fenómenos ou nos permite espreitar comportamentos íntimos alheios? Festejar a vitória no campeonato com correrias ruidosas pela cidade? Será esse o objectivo?
Podem rir, que o povo é sábio e há muito diz, que ri melhor, quem ri no fim!
E o filme denuncia o passado, sem esquecer a denúncia do presente de consumo. Para mim, sobretudo. faz o elogio do cuidado e acho que é essa a razão por que persiste em exibição depois de tanto tempo.
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