sexta-feira, outubro 05, 2012

Para a galé

Versos de José João Cochofel

"Sem frases de desânimo,
Nem complicações de alma,
Que o teu corpo agora fale,
Presente e seguro do que vale.

Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.

Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
Nos lábios o brado de combate.

Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
Que o espelho da vida nos escuta."

CANTA
CAMARADA
CANTA

Andam escondidos na galé os ratos devorando o que resta no fundo dos porões. Escondidos porque o mar começa a ficar revolto, as ondas altas e cada vez mais frequentes. Julgavam-se abrigados mas a fúria grita mais forte e já lhes invade o esconderijo. O grito é, para a galé com eles, que foi esse o caminho que escolheram. 
É impossível passar ao lado da tempestade que se vai levantando e a bem ou a mal se abrirão os palácios ao povo. (Eu adoro esta linguagem retro do futuro)

Sem comentários: