Imagine-se um modelo de desenvolvimento em que uma minoria, durante 10 anos, consegue, liderando com os seus saberes os processos, crescer a um ritmo de 10 por cento ao ano. Números redondos no fim do período o seu valor foi acrescentado para o dobro. Na mesma altura, uma esmagadora maioria, aproveitando o modelo que criaram os líderes, cresceu a 1 por cento ao ano, porque sempre do crescimento aproveitam os súbditos. Curiosamente, a riqueza produzida (a que permitiu o crescimento de 10% e o seu benefício de 1%) saiu-lhes do trabalho dos seus braços. Como paga cresceram em 10 anos o que os outros cresceram num ano. E todos ficaram mais ricos, uns 10 por cento, outros 10 vezes mais...
Acontece que o mundo dá muitas voltas e ao fim dos 10 anos se concluiu pela insustentabilidade do modelo tão genialmente criado e se levanta a questão de saber que fazer ao défice criado nesses 10 anos. Agora é preciso pagar!
Como se organiza o pagamento?
Parece que não vale a pena cobrar à minoria que cresceu a 10 por cento ao ano. Enganaram-se, mas foram eles que fizeram crescer os outros e já gastaram uma parte substancial do que foi ganho. Por isso, a justiça manda que seja a maioria que cresceu excessivamente a 1%, quem deve pagar a fatura. Até porque a receita do crescimento da minoria se esfumou nos tempos e é «irrecuperável».
No final, nem sequer é necessário que alguém vá preso, porque tudo está bem quando acaba em bem. Vamos deixar que acabe ou vamos fazer a cobrança justa?
E, depois de feito o pagamento, vamos brincar de novo ao processo que faliu, porque este é o fabuloso modelo certo de desenvolvimento. Este é um modelo superinteligente, que os ignorantes não conseguem entender. Que gente ingrata que não segue os iluminados líderes!
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