O tempo perdido dos dias, que se escoa sem retorno nem regresso, escondendo a vida que não se recupera, enchendo a sensação de inutilidade que vamos tendo. De cada vez que acontece, mais um pouco fica o tédio deste tempo. Para onde se vai? Desde há muito que não há rumo, não há aquele horizonte onde o sol ia nascer e o tempo se encheu de nuvens opacas que nos tapam o amanhã. Marcamos passo e, como os ratos nas rodas das gaiolas, temos a sensação de movimento sem nos mexermos e ficamos, cada vez mais, exaustos. Por isso me perguntam, o que é que a gente há-de fazer, numa confissão de desesperança ilimitada. Já não há nada para esta gente que não gosta, mas não muda. Fica. Morre sem perder grande coisa, porque, no final das contas, nunca chegou a viver de verdade. Iludidos nos golos do génio da bola, pisam a buzina afirmando a vida que não têm. Ao menos, poderiam, como os mortos, dar-nos o ruído do silêncio.
Será que a França? Mas é apenas um aflorar na superfície das águas no desespero do naufrágio, esbraceja-se até que a vaga tudo engula. Possivelmente. Talvez um dia o big-bang.
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