quinta-feira, setembro 29, 2011

(I)moderação

Gostamos de chamar nomes suaves às coisas. Assim, a cobardia não transparece nem se mostra como aconteceria com o bom rigor das designações. Uma TAXA MODERADORA como o nome indica é algo que visará impedir um consumo indevido, uma tentativa de condicionar um consumo inútil de recursos. Por isso, dar este nome, como o fez o Ministro Correia de Campos, a uma taxa que era paga quando os doentes eram internados, era abusivo, era cobardia, porque, obviamente, se tratava de um co-pagamento e, possivelmente, inconstitucional por que a saúde era (e espera-se que continue a ser) tendencialmente gratuita.
Agora, o novo ministro veio determinar taxas moderadoras para famílias com rendimento acima de 1000 e tal euros. Não são taxas moderadoras, porque são, de novo, co-pagamentos. Com efeito, se o objetivo é moderar o consumo por que razão se isentam uns e penalizam outros? Com pés de lã, tentam chegar onde efetivamente querem chegar, aos co-pagamentos. É indecente penalizar com uma taxa quem é condicionado pelo médico prescritor a marcar uma consulta ou a fazer exames auxiliares. O doente apenas obedece a uma instrução, que responsabilidade pode ter na ordem que um técnico «habilitado» lhe dá?
Mais sensato, muito mais sensato, seria que os prescritores fossem responsabilizados pelos exames auxiliares que pedem e medicamentos que receitam!! E tanta imoderação que aí grassa e desresponsabilizada.

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