segunda-feira, setembro 29, 2008

Dinheiro

Inicialmente, o homem comercializava através de simples troca ou escambo. A mercadoria era avaliada na quantidade de tempo ou força de trabalho gasta para produzi-la. Com a criação de moedas o valor da mercadoria se tornou independente da força de trabalho. Com o surgimento dos bancos apareceu uma nova actividade financeira em que o próprio dinheiro é uma mercadoria. (Wikipedia)

De uma maneira geral, não tem uma conotação positiva: chama-se-lhe vil metal e lavam-se as mãos depois de se lhe mexer, por se considerar ser coisa suja. Depois todos querem ter muito, mas imaterializado e em quantidade que se não confessa facilmente. Na verdade, o dinheiro revela o esquizofrénico que há em nós. Ostenta-se o que permite, mas esconde-se o que se tem. O dinheiro talvez tenha sido o que possibilitou que o negócio tenha alma, uma forma poética de segregar o valor da coisa do que se recebe com a sua venda. Um ganho que não traduz o trabalho que se tem, mas o confronto de dois desejos, o de manter de quem vende e o de comprar de quem adquire. Algo inquantificável e onde moram alguns pecados, que tornam a transacção secreta (o segredo do negócio!)
Desde que se mercantilizou, tornou-se abstracto. Nos últimos tempos, assistimos ao resultado desta evolução: a mesma coisa, pode valer o seu valor e menos de metade com dias de intervalo. Tudo depende da confiança no Mercado. E é este jogo de emoções que nos fazem viver, sem nos ouvirem os desejos de ser de forma diferente. Porque assim, alguém, decidiu que tinha de ser e não pode estar-se de outra forma. Decisão grave, destituída de qualquer ética, impôs-se como a ética.
E tudo parece andar à deriva quando se assiste à irracionalidade dos que actuam o Mercado e descrêem quando a «salvação» foi finalmente acordada. Resultado, os índices da bolsa sofrem forte baixa. Os teóricos explicar-nos-ão a razão: o preço do petróleo, a injecção dos bancos federais insuficiente, mais isto e mais aquilo, tudo, geralmente explicando um resultado e o seu contrário. Resta-nos acreditar no sábio César das Neves que nos tranquiliza com a sedução felina do sistema, também ele com sete vidas. Terá?

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