sexta-feira, agosto 03, 2007
Escritos e feitos
Quando, como agora me aconteceu, passo os olhos sobre um «trabalho» médico português publicado, fico, a maioria das vezes, com esta situação estranha de que serve ou serviu mais ao emissor do que aos potenciais leitores. Aquilo deu um trabalho (daí o nome habitual) do caraças a fazer, montes de horas perdidas em pesquisa, revisões e custou literalmente a produzir. Mas o que lá está, já esteve algures, é uma sequência interminável de citações, do tipo «uns fazem assim», «outros de outra forma», sem emissão de experiência própria, a maior parte das vezes inexistente, porque, em vez de fazer, estiveram a ler e a escrever e os que fazem, raramente escrevem por falta de tempo, tão absorvidos estão na produção, porque estes, os que escrevem, pouco fazem. O cúmulo, é porem os escritores a darem ordens sobre a forma de fazer aos que fazem. Mas é muito habitual. Raramente, se publica para dizer qualquer coisa, é mais para se chegar a qualquer coisa onde só se chega pela escrita. É uma esquizofrenia funcional.
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