quinta-feira, agosto 23, 2007

Agora

De alguma forma me conforta a mensagem com letra negrito No tasks due que a minha Palm me mostra quase todas as manhãs. É daquelas mentiras convenientes e simpáticas que às vezes usamos. Esta induzo-a eu, não escrevendo as tais tarefas, nunca. Muito melhor é deixar acumular a pilha das tasks de forma imprecisa sem quadradinhos de verificação de cumprimento. E a pilha vai subindo (mais do que a recuperação da Bolsa nos últimos dias) e quanto mais sobe, mais vontade tenho de a não incomodar. Gera-se mesmo uma nova tarefa que é a definição do critério de escolha da tarefa a realizar. Porquê esta e não a outra? Nunca me sinto à vontade com a atribuição de privilégios, prioridades e coisas assim. Até podem as não escolhidas ficar tristes, não? Nesses momentos sabe bem é espreguiçar-me, pensar no poeta que bem sabia que nada melhor é ter um livro para ler e não o fazer e deixar-me ficar à espera que algumas das tarefas passem de prazo. Realmente, uma grande parte das argolas da pilha das tarefas estavam lá apenas pelo acaso do ter de ser, sem nenhuma justificação realmente válida. Porque aquilo que é urgente num instante, muda no que se lhe segue e não há futuro que justifique o desperdício do presente. Mas andam(os) para aí todos numa grande correria até ao dia em que, de repente, todas as pilhas se desvanecem e tudo muda de significado. É um instante supremo de lucidez. Agora, é bastante.

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