Arrepíamo-nos com 200 mortos em Madrid ou 3000 em Nova Iorque. Os meios de informação falam à exaustão do problema, repetindo vezes sem conta as imagens para engrandecerem a tragédia. Curiosamente, até me parece, pelo que vejo, que os 200 de Madrid são mais que os 3000 de Nova Iorque. A dimensão do drama varia geometricamente na razão inversa da distância. Temos esta sábia capacidade de relativizar.
Só por isso, há dez anos, tolerámos sem uma intervenção civilizacional o drama do Ruanda. Bem por isso, porque a maior parte das pessoas pensa que o Ruanda é noutro planeta e porque os líderes da civilização tinham já concluído que naquele lugar os recursos naturais não justificariam os custos de uma intervenção...
Um milhão de mortos é como se morressemos todos sem excepção em Lisboa, não é? Todas as ruas cheias de cadáveres amontoados. Bom, aqui era pior, porque o branco da pele contrastaria mais com o alcatrão.
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