Posso escrever o nome. Cunha. O Cunha é um dos protótipos do doente bem sucedido que fica incomodado com os deveres que tem para o seu médico. Chega a horas à consulta. Cumpre a medicação. Só a dieta é que não. Não haverá comprimidos que ajudem? Não, Cunha, só a sua vontade o ajudará. Mas gosta de comer e de beber também. O Cunha trabalha, empreendedor vai aumentando os empregados, mas acha-os sócios. Quase chora se a recessão o obriga a mandar alguns embora. O Cunha deve odiar a esquerda. E reconheçamos, certa esquerda pode ser odiável. Aquela que não tem a generosidade do Cunha. Uma esquerda cheia de direitos, desumanizada. Há de tudo. O Cunha é um português de sucesso. Tudo sem recibos. Economia livre. O Cunha é alérgico aos impostos. Um papelinho chega. O Cunha gosta de oferecer borregos pela Páscoa e para isso lá vai a esposa dedicada, de casa em casa daqueles de quem o Cunha gosta, distribuir o rebanho. O Cunha está na oficina. Um ritual anual. O Cunha é assim empreendedor e generoso. Doutor, quando arranja um consultório? O Cunha acha que isto da medicina no hospital é um mal menor sem deixar de o ser. Um consultório nas avenidas é que era.
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