domingo, maio 10, 2009
Coeficiente de cagaço
O complicado desta profissão é a gestão da incerteza, sobretudo num ambiente social em que se pensa, erradamente, que a tecnologia permite saber toda a verdade. De forma que vivemos sempre mais com a arte do que com a ciência, que é estabelecermos um limiar que nos dê suficiente sensibilidade sem nos arruinar a especificidade. Se calhar o coeficiente de cagaço dos novos engenheiros é o equivalente desta gestão da incerteza, que é sempre mais aguda nos novos médicos. Com o passar dos anos diminui o coeficiente, subimos o limiar da possibilidade da doença, mas nunca eliminamos, absolutamente, a dúvida. É este o desafio que nos perturba o descanso quando jovens e... sempre. O pior de tudo é que a matéria com que lidamos não é susceptível de ter os erros compensados com seguros e temos de aceitar a nossa condição de humanos errantes. Mesmo o cuidado não nos livrará do erro algumas vezes, embora compense a consciência. No entanto, se procurarmos a especificidade a todo o custo, o erro será bem mais frequente. E será a vida possível sem a dúvida? Como seria se soubéssemos o fim da história antes de a fazermos?
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1 comentário:
Muita gente acha que a ciencia tem as respostas para tudo. Já ouvi pessoas dizerem até que a ciência confirma que Deus não existe.
Pessoal não entende muito bem qual é a proposta em se fazer ciência e da metodologia científica.
A dúvida é maior que a certeza, sempre disseram os grandes. No entanto, a popularização do acesso à informação acabou dando certeza demais a quem pouco sabe.
Não é a toa que no dia a dia sempre lidamos com coisas que não estão nos livros, mas têm coerência com a teoria, e também com coisas que ferem gravemente a teoria que nos foi ensinada. Cabe a nós, diariamente o bom senso pra utilizar a teoria na medida em que ela explica os fenômenos e não o contrário, como muitos fazem: alguém diz que algo ocorreu, mas outro logo protesta: "Impossível! A teoria não permite!" Rsrs. Pobre humanidade. Ela coloca venda seus proprpró olhos...
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