domingo, outubro 07, 2007
Quase no céu
1. A sensação das férias andava longínqua. De repente cheguei ao fim do Domingo e percebi que amanhã não vou trabalhar. Até já o tinha sentido todo o fim-de-semana, o tempo mais comprido. Sabe bem. Consegue até ouvir-se com mais tranquilidade que um nortista, básico tenha ganho ao aparelho do PSD para grande escândalo da primeira página do Expresso, que melhor não teve que referir que há no PSD quem não concorde com as directas, fazendo desaparecer da primeira página qualquer referência ao dito cujo. Mais um impressionante exercício de isenção jornalística.
2. Dias depois fico a saber que os atletas de alta competição deixam de pagar impostos. É o prémio para a função anestésica que induzem. Cientistas emigrados e Saramagos desterrados, procurem outras Espanhas para pagarem vossos impostos!
3. Scolari sem vergonha foi pedir redução da pena. Conseguiu! Estes tipos estão muito pouco seguros da honestidade das mãezinhas e, depois, quando alguém lhes fala delas, perdem-se da cabeça e são perdoados. Confesso que se alguma vez a minha fosse posta em causa, mais não passaria pela minha cabeça do que lamentar a má informação do palrador.
4. Mas eu sou de poucos medos e de menos dramas. O mundo tem e dá-me sentido. Sobretudo compreendo a migalha que nele sou e isso dá uma grande satisfação pela bondade que tem tido para comigo. Os grandes acontecimentos são, quase sempre, bem pequenos e coisas naturais. Uns para nos fazerem sorrir, outros para nos lembrarem que somos finitos e que daqui a 100 anos possivelmente já nem existiremos nas memórias.
5. Gozar este Verão encomendado em Outubro andando por aí entre sabores e paisagens. Relembrar a concha de São Martinho, observada de Salir. Trincar um palmilho a ver passar as tias no calçadão. Subir ao Sítio para ver o areal despojado de vacas que não puxam barcos no areal da Nazaré. Descer (pela primeira vez!) à vila, junto à praia a ver o peixe a secar guardado por mulheres, quase de uniforme como nas fotografias de outro tempo. Ficar no Camões a reincidir no Expresso, bebericando água do Luso, olhando o molhe com pescadores na espera calma dos peixes. Nunca chegam? E que importa isso, se o momento foi gozado?
6. E ainda ter tempo para perceber que me encanta mais a imagem das gaivotas a saltar da arriba e a fazerem-se ao mar, fortes ainda que inseguras sobre a rocha onde pousarão, do que a outra do ninho onde, numa chilreação angustiada, esperavam pela comida que lhe vomitavam os pais. Celebro, neste tempo, a liberdade do voo!
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