Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não o dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.
Foi enquanto ouvia o Manuel Alegre ontem na SIC Notícias, que me veio à lembrança esta coisa muito velha desta Pátria. Já o Camões dizia prenunciando as fátimas ixaltinadas e os loureiros de sempre, essas coisas velhas como os hábitos que fazemos de cócoras.
Aos poucos fui percebendo melhor que, mais do que o realismo da descrença, vale muitas vezes, muito mais, o desejo de acreditar. É que a esperança sabe bem melhor que a vil tristeza. Por isso, a quem tem alma grande, sempre vale a pena cantar à gente surda e endurecida. Até que a voz nos doa, lutaremos por mudar este fado. Façamos uma Campanha, Alegre!
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