sábado, junho 30, 2012

Livro das citações

"Os banqueiros tornaram-se os maiores ladrões da história do mundo... a economia global nunca será recuperada enquanto for sangrada até à morte para resgatar balanços de fantasia de instituições e indivíduos cujas pirâmides de papel compram governos e fazem com que o roubo equivalha à produção económica".
Devinder Sharma

quarta-feira, junho 27, 2012

Andar

Só há caminho, não há destino. Rumar para onde? Não, apenas remar. Perdidos. Elogiar o improviso e a sobrevivência é estratégia em vez da vida. Não planear, fazer. Adaptar o erro. Talvez o euromilhões um dia, que não acontece e nem se sabe porquê. Deus nos ajude. Mas ele não se manifesta, se calhar porque não existe. Que se pode pedir à ausência?
E logo o Cristiano poderá ser o seu representante na terra. Ou não, e será crucificado sem piedade nem ressurreição tão perto. Vira demônio depois de acertar noutro poste ou noutra trave.
Que chato eu não gostar de usar cachecóis.

terça-feira, junho 26, 2012

Perguntas

Será que a Alemanha nos dá hoje alguma coisa sem a qual não pudéssemos sobreviver? Que tal deixar a formiga a trabalhar e nos recusarmos a comprar o produto de tanto «esforço»? De que lhes valerá produzir tanto se não houver umas cigarras a comprarem-lhes o produto? Quem precisa mais de quem?
Perguntas e mais perguntas... mas gostava de ver esta hipótese ensaiada.

domingo, junho 24, 2012

Da finitude

Cada árvore que seca é um alerta sobre a finitude das coisas. Cada uma leva anos a fazer a sombra sonhada, cada uma que interrompe o caminho, é parte da sombra que se adia e a certeza surge impiedosa, sim, não somos eternos. Temos que fazer da forma certa se quisermos ter a sombra desejada.

terça-feira, junho 19, 2012

O tempo perdido dos dias

O tempo perdido dos dias, que se escoa sem retorno nem regresso, escondendo a vida que não se recupera, enchendo a sensação de inutilidade que vamos tendo. De cada vez que acontece, mais um pouco fica o tédio deste tempo. Para onde se vai? Desde há muito que não há rumo, não há aquele horizonte onde o sol ia nascer e o tempo se encheu de nuvens opacas que nos tapam o amanhã. Marcamos passo e, como os ratos nas rodas das gaiolas, temos a sensação de movimento sem nos mexermos e ficamos, cada vez mais, exaustos. Por isso me perguntam, o que é que a gente há-de fazer, numa confissão de desesperança ilimitada. Já não há nada para esta gente que não gosta, mas não muda. Fica. Morre sem perder grande coisa, porque, no final das contas, nunca chegou a viver de verdade. Iludidos nos golos do génio da bola, pisam a buzina afirmando a vida que não têm. Ao menos, poderiam, como os mortos, dar-nos o ruído do silêncio.
Será que a França? Mas é apenas um aflorar na superfície das águas no desespero do naufrágio, esbraceja-se até que a vaga tudo engula. Possivelmente. Talvez um dia o big-bang.

sexta-feira, junho 15, 2012

Dias recentes

Depois de uma viagem rápida embalado pela «Máquina de fazer espanhóis», reencontrei Filadélfia na tarde de 8 de Junho depois da penosa espera que sempre é a entrada nos EUA. O medo do mundo mantém-se, desconfiados das pessoas, registam impressões digitais e fotografam-nos os olhos, como se tivéssemos alguma doença transmissível, pesquisando o vírus dos estrangeiros. De cada vez sinto que mereceriam que lá não fossemos.
Pelas ruas encontra-se o desleixo habitual agora salpicado por zombies a expelir o resto dos gases do Iraque e de outros lugares. Vagueiam perdidos na vida, procurando some change, numa mudança que não surge.
O contraponto é a capacidade de organizar e ter uma reunião como a da American Diabetes Association, que deixa a sensação de não valer a  pena ir a outras para se estar atualizado no assunto. É a mesma sensação de não haver justificação de visitar mais igrejas depois de conhecer S Pedro.
Os fabulosos doentes portugueses, mais uma vez, me presentearam com sensações de boémia no Victor Café e o luxo do XIX e do Davio's. Pena, o vazio desacompanhado.
Ao longe a Espanha preocupou-os, mas a bolsa disparou; ao longe, fiquei feliz porque Portugal perdeu com a Alemanha, dando a esperança de que alguma coisa possa ser mais relevante que o futebol para que a Europa nos respeite ao contrário da sugestão de um miserável anúncio que aí anda.
Ainda houve tempo para contactar o passado tranquilo e camponês dos Amish numa volta pelo Lawrence Country. Os cavalos puxam charruas nos campos, as carroças correm no alcatrão e parece que não há wi-fi. Outras rotações num mundo de pressa. Por momentos, estive em fim de semana no Alentejo.
Na chegada o mesmo do costume. Se ganharem à Dinamarca, serão os maiores, se não, logo se ajustarão contas com o treinador e o outro que só joga no Real. Pronto, ganharam, aumentando os riscos da anestesia. Já ninguém fala do Relvas? Os costumes não serão tão brandos como se costuma pensar, mas, seguramente, dá-lhes forte, mas passa-lhes depressa.
A sensação que me fica é de não pertencer aqui nem lá, ou aqui e lá ao mesmo tempo. Tudo a que pertencemos são acasos a que mais ou menos nos prendemos.

quarta-feira, junho 06, 2012

NÃO HÁ PACIÊNCIA

É o que dá ser-se primeiro ministro num país sem serviços de informação capazes. Fica-se mal informado e na meditação dos gabinetes não se sente o pulsar das gentes. É que, na verdade, NÃO HÁ PACIÊNCIA!
Não há paciência para a virtude do desemprego crescente, não há paciência para a esquizofrenia da religião deste governo, não há paciência para ministros a discursarem a 15 rotações, não há paciência para assistir sentado à destruição do Serviço nacional de Saúde onde se propõe a contratação de médicos apenas pelo critério dos que forem mais baratos, não há paciência para a praça da jorna que a sua ignorância não imagina o que seja, não há paciência para continuar a ver as empresas a falir, não há paciência para contemplar o definhamento da economia, não há paciência para as miseráveis cantinas sociais, não há paciência para ver os advogados contorcionistas a brincarem à justiça inexistente, não há paciência para mais escolas a não ensinar, não há paciência para ver um governo que não governa, que esmaga, que mata com a sua ideologia fundamentalista um país.
Não há paciência para nos chamarem piegas, não há paciência para nos mandarem emigrar, não há paciência para nos darem a suprema oportunidade de estar desempregado.
Paciência já não há, mas ainda não chegou a impaciência, o que é diferente, mas não tardará.Atordoado o mar recua, antes da onda gigante chegar,  senhor vá elogiar o raio que o parta e vai ser lindo quando ela cá chegar levando tudo à frente, sobretudo os seus discursos do elogio da paciência.
Não há paciência para a vossa cultura de uma cartilha lida à pressa, o vosso livrinho não sei de que cor será, por muito que o agitem, os seus dogmas não vão resolver nada. Simplesmente, sinto, que não há paciência. Acabou.

terça-feira, junho 05, 2012

Finais

O fim do dia no dia em que surgem rumores que o fim dos dias de outros será bem mais negro e gelado. Faz agora um ano que chegaram «com pés de veludo» e, no fim deste tempo, começa a «manada» a manifestar  intolerância para ser mais sugada. A ver vamos, dizem os cegos.

segunda-feira, junho 04, 2012

Um mês passou

Já passou mais de um mês desde a última vez que cá vim. Porquê? Porque tudo isto é um tédio de relvas mal cortadas, daninhas como o escalracho. Proliferam por mais que a enxada sobre ele desça e nem com forquilhas de dentes fortes e curvos é possível limpar a  terra. Resta uma última opção, a guerra química, a liquidação total deste estado de coisas e recomeçar de novo em terra nova. Claramente, velho de mais para a migração, ando entre as gotas de água que não chove, recriando ilusórios ambientes de fertilidade que não existem nesta seca continuada dos dias.
Neste intervalo passei por Florença, uma senhora sempre digna, usada e velha, mas onde sempre se encontra nobreza. Lá houve tempos daquilo que vai ficar depois do tempo, o único bem sobrevivente, a arte. Não os donos da arte, que esses perecem por mais que afixem os nomes junto das oferendas, pois ninguém visitaria um museu para lhes ler os nomes, vamos lá para ver o que possuíram e reavermos aquilo que em dias nos usurparam, a arte.
E lá soube de uma festa que houve em França. Esta gente sempre acredita na mudança até que a mudança tem de novo que ser mudada, porque os tempos mudam e os que mudaram, sempre voltam ao modo antigo, igual e chato. Durante uns tempos, há uma esperança, porque essa é a última a morrer, mas depois a realidade é como o azeite e ascende triunfante.
Bom ver, que regressado, apesar da seca, as oliveiras não morreram todas. Até projetos de azeitonas já mostram para meu convencimento do sonho que nos leva. A realidade da economiazinha é desprezível junto ao sonho. É claro que  as azeitonas compradas numa das casas dos merceeiros nacionais serão sempre  mais baratas que estas hão-se ser, mas isso nada quer dizer. Estas têm momentos de vida, de plantação, rega, adubação, história, trabalho. Nem um momento de irrealidade, especulação. Ali tudo existe. Nada é religião de Angelas Doroteias ou de vítores com nome de magos.
Cada vez mais, só isso me compensa num desejo de retiro.