segunda-feira, março 28, 2011

Premiados

A arquitectura é a poesia da edificação. Deve ser por isso que, num país de poetas, 2 portugueses chegaram ao prémio Pritzker. A poesia é o sonho por onde se vai, a engenharia a prosa da obra. Arredados do trabalho e do cálculo matemático, resta o projecto. Ao menos isso, que alguns sejam maiores que o país pequeno e periférico onde nasceram. Isto apesar do escritor António achar que, pelo contrário, Portugal é um país grande e central. Grande e central será porque o tem a ele, certamente. Mas seguramente ainda mais, porque Saramago um dia concebeu uma jangada.
A uns aprecio a linearidade simples e a função dos espaços e da escrita precisa; já o outro me parece ocupar espaço excessivo pela insuflação do ego.

sábado, março 26, 2011

quarta-feira, março 23, 2011

A dois tempos

Primeiro tempo: É difícil parar e não aceitar solicitações adicionais, porque o que se quer não tem limite, nem razão. Assim, até acaba por ser bom ter uma entidade que regula a nossa disponibilidade para fazer sempre mais. A proibição acaba por não ser privação de liberdade, mas a própria liberdade.
Segundo tempo: Estou num país desesperado e quando assim se está  são grandes os riscos de, à beira do abismo, se fecharem os olhos e se dar o passo em frente, saboreando o sopro de uma queda que vai inevitavelmente ter um fim. Só pelo prazer da aragem sentida enquanto o tombo dura. O problema, aqui como no Japão, não é deitar abaixo, mas levantar depois.   


segunda-feira, março 21, 2011

Dia de...

Os poemas, dispostos na folha de papel como ilhas num mar do espaço branco desaproveitado, são a forma menos eficiente de escrever. Mas que ninguém os culpe do abate de árvores inocentes, porque muitas vezes a beleza só aflora quando se não faz o aproveitamento exaustivo dos recursos. No branco da página há o oxigénio que alimenta as palavras.
Deve ser por isso que neste dia se comemoram árvores e também a poesia.

sábado, março 12, 2011

esPECados

De PEC em PEC, aqui ficamos especados como os cavalos na paisagem em dia de chuva fria. Especados e chateados, a arrefecer. Contra, passeando na rua, agora que o cansaço e o fim do crédito impede o consumo de fim-de-semana no Colombo. Perturbador é assistir a esta multidão sem ideologia a deslizar o desabafo avenida abaixo alegres por lutarem, barafustando contra o inimigo de agora, esquecendo que já o fizeram contra o inimigo de outrora que agora até elegeram Presidente. O mesmo a quem, agora esquecidos, pedem a solução... Uma manifestação de descontentes, não politizada, sem liderança, para que serve?
Haverá vontade real de dar a volta a isto, perceber que esta Economia nos não serve ou apenas se quer mudar, esquecendo que para pior já basta assim? Porque já anda de orelhas espetadas quem se prepara para, depois de sair da cartola, nos dizer que afinal a coisa estava ainda mais negra do que se pensava, as contas do Estado são uma calamidade maior e por isso, não só vamos confirmar todos os PECs, como vamos ainda ter necessidade de fazer maiores sacrifícios, por exemplo, pagar a saúde, a educação, limitar as reformas, acabar com qualquer garantia de emprego em troco de umas esmolas aos mais pobrezinhos. O Estado na sua versão mais short, verdadeiramente de tanga.