terça-feira, setembro 29, 2009

A comunicação

Neste país, o Sr. Silva fez uma comunicação ao país expressando as suas interpretações pessoais. Por ser parecido fisicamente com o Presidente da República, alguns terão pensado que era o supremo magistrado da nação que estava a falar. Mas isso não deve corresponder à realidade, porque um PR não fala assim. Mais uma vez a imagem é enganadora. Em boa verdade, um PR que falasse daquela maneira só teria uma atitude a tomar: demitir-se, obviamente!

O espaço, o tempo e o poder

Citando a velha senhora, é mais ou menos indiferente estar a 14 m ou a 13,5 m de profundidade. Realmente, só de submarino se consegue andar por lá. Fica assim esclarecida a necessidade nacional de ter comprado os ditos cujos.
Já não sei é se será a mesma coisa divulgar estas investigações hoje ou uma semana antes. Realmente, se as diferenças do espaço poderão até nem ser importantes, certas diferenças de tempo são um pedaço suspeitas.
Grandes são os poderes do Ministério Público e da sua câmara de ressonância.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Dá para os dois lados

Também desta vez, a vaga de fundo da tal maioria silenciosa, não surgiu a inquietar o dia 28 de Setembro. Foi calmamente que o dia se iniciou e nem a agitação de rua foi intensa. Afinal, todos foram deitar-se com algum sentimento de derrota depois de cantarem vitória.
O PS ficou no meio, com possibilidade de dar para os dois lados. A dúvida que persiste agora é saber para que lado se volta este PS. Ficou claro que dum lado tem 10% e do outro 2 vezes quase 10%. A par tem a mesma coisa só que com outra cor. Mas como a mistura do laranja com o rosa deve dar uma cor mal definida para lhe não chamar outro nome mais fétido, em princípio, não irá por aí.
Dizem que há uma maioria de esquerda, esquecendo os que o dizem que isso coloca desse lado um PS, que quanto mais se olha em pormenor o que defende em política económica, internacional, por exemplo, mais parece tender para a direita. Visto desta maneira são mais as semelhanças com o CDS do que com o outro lado e não seria inédito nem estranho que, uma vez mais, renegasse a História. A ver vamos, como diz o cego, porque nesta altura é muito difícil prever para qual dos lados se virará o engenheiro. Ou irá tentar ficar com um pé em cada lado, correndo o risco de cair de pernas abertas um destes dias, partido ao meio.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Asfixia informativa

A imagem com que fico é que isto dos assessores de imprensa devem ser uma espécie de delegados de informação médica. Simpáticos, cordiais, com ar de não quererem vender nada, até trazem informação de pretensa qualidade, tudo, segundo dizem, servido sob uma ética irrepreensível. No meio de uns almoços, deslocações e viagens. A busca de informação de qualidade dá trabalho, é preciso ler livros e revistas, analisar os resultados das investigações. Mal dos médicos, que deixam a sua actualização aos cuidados dos delegados de informação médica. Mal dos doentes que se consultam com tais profissionais.
Como alguns médicos, também os jornalistas estão em risco de satisfazerem a preguiça não procurando a notícia, deixando que ela venha até eles por fontes menos recomendáveis. Fazendo eco do que lhes chega prestam um mau serviço aos seus leitores. Mal dos leitores que tal informação consomem.
É arriscado que um Estado deixe aos pruridos éticos de uns e outros a relação entre os assessores e delegados e os jornalistas e os médicos. Em nome de uma prestação de cuidados capaz e de uma informação de qualidade, seria bom que criasse regras de convivência, que impedissem a promiscuidade e a preguiça. Mesmo que isso levasse ao desemprego de alguns destes profissionais da «informação». A vida ficava mais difícil, mas o ambiente mais respirável. Haveria menos asfixia informativa. Pelo menos os conflitos de interesse das redacções e o enunciado bem destacado da propriedade dos meios de comunicação deveria estar bem patente nas primeiras páginas e nos rodapés dos telejornais.
E, já agora, seria bom lembrar aos mais distraídos a filiação partidária dos Presidentes da República e proibir-se que digam que o são de todos os portugueses. É claro que o não são e que há silêncios que gritam.

quarta-feira, setembro 23, 2009

O homem dos tabús

Nele, o silêncio é cíclico. Neste momento deve estar a devorar bolos-reis uns atrás dos outros à espera do que pensa ser uma maioria silenciosa. Esperemos que no próximo dia 28 de Setembro lhe aconteça o mesmo que no outro, que a reacção não passe e que, não tendo que fugir para Espanha, assuma as suas responsabilidades e actue em conformidade. Sem tabús.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Belemgate

Será que estou a entender bem? Um assessor do PR, em seu nome, tentou manipular informação com vista a comprometer o Governo e por um deslize informático acabámos por saber que assim foi? E o que foi é que existe um jornal de referência (de que é dono o D Belmiro) que se presta a esta manobra. Em nome do direito à verdade, fico à espera (com urgência) dos novos episódios do Belemgate.

Asfixia

Há muito que foram abandonados os argumentos programáticos e, agora, todo o cerne das campanhas surge cheio de atribuições morais, sobretudo a denúncia da imoralidade dos adversários. É o paga-não-paga impostos, o tem-não-tem acções e PPRs que enche as notícias, ficando os programas, as soluções sem debate ou discussão. Atribuir a falta de moralidade ao inimigo é o único argumento, sobretudo quando as diferenças de programa até são de difícil enumeração. O debate das ideias não dará votos, concluíram.
E os receptores da mensagem estão, efectivamente, cansados de conteúdo. Cada vez mais, mesmo nas conversas banais do dia-a-dia, o debate das ideias é incómodo, chegando a sentir-se ser o debate político, politicamente incorrecto. O país fica cheio de moralistas, críticos de todos sem excepção, parecendo a multidão que critica um conjunto de virgens impolutas. Todos bons pagadores de impostos, todos trabalhadores cuidadosos na satisfação do próximo, impecáveis pais e mães de família, sem ponta de egoísmo ou ganância nas suas acções. Uma coisa os une, a vontade exclusiva de conversar sobre o tempo que faz, o futebol os mexericos cor-de-rosa. Tudo o mais é tabú neste mundo social asfixiado pelas conveniências de classe. O mais angustiante vazio neste ar que se respira.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Mulher de Lata

Pérolas de Manuela Ferreira Leite que atestam a mentira da verdade. Disse a Senhora nos Açores:
1. "José Sócrates tem um projecto de natureza pessoal para se manter no poder, só pode ser de natureza pessoal, não pode ser pelo País." Em boa verdade, não disse qual era o projecto, é uma convicção dela, sem provas mostradas e grave, porque caluniosa. Dá para fazer títulos de jornais, mas não vai além da calúnia.
2. Sócrates, um homem que, diz, "inventa calúnias" e "só gosta de quem gosta dele e de quem o apoia". "Não é possível em democracia que o apelo ao voto seja feito com base no engano", sublinhou. Pode ser que invente calúnias, mas nada que se compare ao que outros têm feito até agora contra ele nessa matéria. Por outro lado, gostos são gostos e é natural que gostemos dos nossos. Nesta matéria MFL é muito mais radical, quem diverge dela é pura e simplesmente afastado. A intolerante, se não me engano, e com provas dadas é ela. Portanto tem razão na última frase, é indecente fazer apelos ao voto com base no engano.
3. Depois este retrato do país (com anotações minhas): Visto dos Açores (deve ser um problema de visão, coisas da idade), Portugal está pior do que nunca (onde andava ela antes de Abril?). A Saúde está de braços cruzados (inspirada numa imagem dos folhetos de promoção de clínicas privadas), a Educação está de costas voltadas (os professores finalmente começaram a dar aulas e a escrever nos quadros), a Justiça está de joelhos (que me perdoem os muçulmanos, mas seria pior noutras posições de oração), a Segurança está de cabeça perdida (decapitações em esquadras foi noutras ocasiões, se bem me recordo), a Economia está com a corda ao pescoço (é justo depois das falcatruas feitas que sigam o exemplo de Egas Moniz). E como se não bastasse, os trabalhadores protestam nas ruas (preferiria as manifestações de estudantes do tempo em que governou?) e as famílias desesperam na banca (estará a falar do BPN dos seus correlegionários ou será por causa da redução dos spreads?)", realçou.

Esta senhora que tenta dar de si a imagem da Dama de Ferro, não consegue ser,realmente, mais que uma Mulher de Lata.

domingo, setembro 13, 2009

Surpresas

Não é por mal que se pergunta, tudo bem?. É somente por rotina, para calar o silêncio em que nos desabituámos de estar. No meio da bruma destes dias, acena-se que sim, claro! quando a vontade era mais chamar idiota à pergunta, dizer, mas que raio tem você a ver com isso que pergunta. Somos incapazes de respeitar os espaços uns dos outros, por hábitos, por rotinas politicamente certas e nada é feito por mal, embora faça mal e apeteça responder à chicotada.
Mesmo quando ainda nos sentimos como se tivéssemos 30 anos, afinal, quem quase os tem são já os nossos filhos e nós passámos a ter o estatuto e direito a estar com as doenças que aparecem depois dos 50, mesmo que, lendo a sua descrição, achemos que aquilo não nos assenta bem. De repente, envelhecemos uma data de anos. Subitamente, percebi que o envelhecimento não é uma mais-valia de experiências feita, mas um conjunto de sintomas vagos encontrados em muitas doenças. Por isso, o envelhecimento como valor acrescentado é, necessariamente, um diagnóstico de exclusão depois de terem sido eliminadas todas as outras. Apenas, nessa altura.

sábado, setembro 12, 2009

Debate

Do que vi a professora foi a aluna mal preparada e o engenheiro o examinador implacável. Foi tão forte o questionário e tão frágil a candidata, que apenas se pode, honestamente, propor-lhe que volte na próxima época ou que desista da função. Só que desistir é impossível e, pela idade, esta era a última oportunidade. Ao pé desta candidata, quase parece que José Sócrates é o único PM viável. Este país já está mal servido de PR, porque se enganou da outra vez. Será bom que não repita o erro e arranje uma PM ao nível. Com representantes desses, são os representados que perdem, mas a história recente mostra que nos Estados Unidos, ainda há não muito tempo foi isso que aconteceu: uma maioria da população passou pela vergonha de manter Bush a dar aquela miserável imagem da América ao mundo.
Ainda assim, espera-se que daqui a 15 dias, um desastre idêntico não nos venha a afectar. Numa terra de seres pensantes, depois do que se viu, a coisa estaria decidida. Mas nada garante que seja o caso e que mais casos insinuados não venham, no desespero final, alterar o resultado deste jogo. Mas quando as ideias faltam, da direita desesperada todo o terrorismo é de esperar.

sexta-feira, setembro 11, 2009

As aulas começaram?

Havia uma fila maior quando descia a rua hoje de manhã. Será que começaram as aulas? A Ministra da Educação foi uma nódoa, dizem os professores. Mas não me lembro de nos anos anteriores ter havido um início de aulas como este. A ausência de notícias sobre o facto, leva-me a crer que foi um anormal início normal das aulas. Não era a isto que estávamos habituados.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Caminhos

Há caminhos que mais não são que atalhos, estreitas veredas de mau piso. Mas é nas estradas secundárias que mais se aprecia o percurso, não necessariamente nas auto-estradas. O gozo é a atenção ao prazer.

terça-feira, setembro 08, 2009

Como nunca os vimos

Às vezes acontece televisão inteligente e para quem quiser aproveitar poderá ser até mais esclarecedor que aquelas conversas assépticas, regradas por tico-ticos da certificação do debate, onde apenas se assiste à mesma festa do costume de malhar no mesmo. Esses debates que levam a que o título do dia seguinte seja PCP e CDS concordam qualquer coisa, porque no calor da refrega anti-inimigo comum se esquecem de realçar e se atacarem nas suas discordâncias.
Mostrar as pessoas, poderá ser mais esclarecedor, mas será necessário desmontar a eventual representação induzida pelo marketing que se irá adaptar a este tipo de notícia e possivelmente controlar a sua eficácia. Para começar e antes dos truques tiveram a sorte de o primeiro entrevistado ter sido este. Espera-se que faça a diferença, porque, afinal, é diferente e os políticos não são todos iguais, ao contrário, do que a propaganda insinua numa sofisticada desmotivação da participação. Mas não participar é o mais perigoso de tudo como já bem reconhecia Platão: «A penalização por não participares na política é acabares a ser governado pelos teus inferiores.» Ou seja o fenómeno não é novo, antes induzido pelos poderosos de sempre na ânsia de perpetuação do seu poder.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Negro

Há depois aqueles instantes em que se acabam os objectivos, as estratégias e fica um enorme vazio de certezas. Afinal, nem se percebe o percurso andado quanto mais o que falta percorrer e só as dúvidas cavalgam sobre o nosso lombo. Fica um enorme peso no ar e é como se as cores todas tivessem fugido do quadro reduzindo-o a um negro absoluto em que o tempo parou. Onde está a ponta da BIC com que vamos criar a linha raspando o óleo a mais para ressurgir a forma nova?

sexta-feira, setembro 04, 2009

Inseguros

A justeza do lucro privado está no grau de risco que assumem. Dizem. Na teoria, porque na prática, a verdade é outra bem distinta. O lucro privado provem mais da ganância do que de qualquer justiça. Por isso, é normal que as seguradoras ajam desta forma. O que é absolutamente anormal é pensar-se que há formas de substituir o Estado (todos nós, solidariamente) nas despesas da Saúde. Com os privados será sempre assim, quando a coisa der para o torto, venha o Estado pagar. Foi assim com a Banca, é assim com as seguradoras. A natureza deles é o lucro, o não pagamentos dos impostos, a ganância, a geração de valor. Está a fazer um ano que assistimos à hecatombe da economia liberal, mas a memória é curta e a reflexão proibida. Por que aconteceu? Pela natureza do sistema, direi eu.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Ponto final

Se a Verdade fosse a sua preocupação, hoje teríamos a Dra. Manuela a celebrar o fim do escarro jornalístico que eram os telejornais da sexta-feira. Aquele jornalismo caceteiro, manipulador, desinformativo há muito que deveria ter sido posto a andar assim como a sua mentora. A posição CORPORATIVA do Sindicato percebe-se. Às corporações interessará sempre mais defender os seus do que a Ética. Já é um pouco estranho ver esta gentinha muito direitinha da política nacional vir pôr em causa uma decisão de um conselho de administração de uma empresa privada. Ainda mais triste é ver a falta de verticalidade, de coluna vertebral que a esquerda também aqui demonstra ao não denunciar com energia o nojo a que algum jornalismo descia. Realmente, não devia valer tudo, porque a seguir esse princípio, em breve nada vale nada.
E se a grande boca se preparava para amanhã voltar a vomitar o fel que lhe ia dentro, pois que o faça. Certamente, não faltarão locais onde o pode expressar, incluindo a Judiciária onde poderá apresentar as suas provas. Ou será que só tem insinuações felinas (com fel, entenda-se)?

Se faz favor...

No futebol temos notícia de que os árbitros são encomendados, rejeitados, aprovados ao longo da semana em múltiplos telefonemas por vezes gravados às escondidas dos autores. O jogo sai depois como se sabe.
Na carreira médica a coisa é mais linear: pede-se, por escrito, a um dos candidatos a um concurso que nomeie o júri que há-de escolher quem virá a ter o lugar em disputa. O resultado é conhecido antes do próprio jogo. Para que se vai ao campo?
Ainda aqui, o futebol, pela sua discrição, parece ser uma escola melhor, com algum savoir faire.

quarta-feira, setembro 02, 2009

O bobo da SIC

Tem um ar de avozinho matreiro e arranjou uma cantiga que vai repetindo ora aqui, ora acolá. O refrão anda à volta de qualquer coisa do género os políticos não valem nada, o país está a ir ao fundo. Soluções, deve haver, embora as não saiba. É um Dr. House, sem terapêuticas para salvar o doente. Temos de produzir mais e consumir o que pudermos é uma mensagem do senso comum que não necessitaria ser dita por um professor, economista e com outros títulos. Mas quando fala em produzir, apenas se refere a batatas e couves, numa visão muito rural do problema. Tecnologia não parece dizer-lhe nada. À primeira vez, o espanto colhe-nos pelo insólito; à segunda ainda sorrimos, pela traquinice; mas depois, o cansaço instala-se e resta-nos a visão condescendente de que estamos perante o bobo da SIC. Sem medidas e com pouca carreira.