sexta-feira, junho 29, 2007

Pleno emprego ou a briga do poderzinho?


No concreto, um grupo tira os processos e coloca-o com todo o alinhamente o cuidado numas caixinhas. A seguir, outro grupo (com chefia diferente), retira os processos das caixas e redistribui pelas salas respectivas, onde os doentes irão ser vistos. É óbvio que seria uma tarefa gigantesca pedir aos primeiros que os separassem, de início, pelas salas...
Se por vezes houvesse menos pre(ocupação) com a ocupação dos outros, ficariam libertos para se ocuparem daquilo em que os outros, na sua opinião, se não ocupam. Nesta indecisão de saber quem tem de se ocupar e querendo não ficar prejudicado, há esta solução ridícula: divide-se a ocupação pelos dois grupos, mas tem-se o cuidado de a dobrar previamente. Assim a coisa fica equilibrada. Faz-se a mesma coisa duas vezes, dividindo o trabalho por dois. A nossa função pública tem coisas realmente curiosas... Mas na função privada, os mecanismos do absurdo e dos pequenos poderes não estarão, também, seguramente ausentes. O que falta é alegria, na generalidade. A menos que tudo faça parte de uma política de pleno emprego e, nesse caso, até se percebe. Lembro-me, sempre, da imagem no aeroporto de Havana há uns anos em que duas funcionárias limpavam o chão, uma de vassoura e outra de pá.

Bons voos


É um prazer sereno este de ver que os jovens pássaros cresceram e se lançam nos espaços, seguros, deslizando. Bons voos!

quarta-feira, junho 27, 2007

É a vida ou talvez não

Quem joga o jogo do poder sempre se arrisca a alguma humilhação. Depois fará o Balanço que melhor entender, mas esta posição de marginal ao sistema tem sempre a vantagem de garantir o benefício da dúvida e o apoio dos amigos. Palmadas nas costas não faltarão, sendo as primeiras as dos que enfiaram as bolas negras no caldeirão. Por isso a humilhação nunca existe nestes casos, porque das duas uma, ou realmente o trabalho tinha valor e a consciência desse facto, faz ter pena do júri, ou se estava a tentar aceder ao poder e se tinha consciência que a coisa nem seria assim de tão boa qualidade e, portanto, a derrota é intimamente sentida como justa, não humilha. Depois a queda será sempre atenuada pela rede da presumível injustiça do sistema. Pelo menos será assim que a marabunda perceberá o acontecimento. E tudo continua, porque afinal as coisas mesmo importantes não são estas. Ser livre, por exemplo, é bem mais importante.

terça-feira, junho 26, 2007

B (de ?)

Com avidez parola, o nosso nacional-jornalismo facilmente se deixa seduzir pela sensação do básico e exótico. Primeiro foi com João Jardim, agora com o senhor comendador da T-shirt preta. Têm aquele estilo caceteiro de(a) Madeira, um misto de subdesenvolvimento e pato-bravismo, que faz delirar as redações dos nossos debitadores de notícias. Daí se amplificr o insulto de mau gosto, que a arrogância saloia dos dólares gera. A continuar assim, vai juntar-se ao Mourinho no lote dos tipos que não deveriam poder ser do Benfica, por o não merecerem. Alguém tem de lhes ensinar que o poder ou o dinheiro que abre portas do poder não são valores e que, afinal, o principal de uma colecção de arte não é o seu valor em dólares, mas entendê-la.

segunda-feira, junho 25, 2007

Fumar dá lucro!

Nestes dias em que o tempo me não deixou cá vir, ainda dei comigo a pensar que um dia talvez consiga descobrir a forma de desencher o tempo. Vamos ver.
Mas hoje não resisti ao ler a notícia do prejuízo de fumar. Diz-se na notícia, coma superficialidade característica dos nossos jornalistas e de alguns professores universitários, que o vício do tabaco causa prejuízo ao país calculado em 423 milhões de euros. A ser assim, eu digo que o vício de fumar, não dará prejuízo, mas lucro. A receita do Imposto sobre o tabaco prevista no Orçamento de Estado para o ano de 2005 foi de 1,22 mil milhões de euros...

terça-feira, junho 12, 2007

Aula de ficar com mais dúvidas

Fico sempre com mais dúvidas quando se trata do Santo Mercado, da livre concorrência, da igualdade de oportunidades. Ensinado numa Universidade Católica ainda mais reforça a ideia de necesidade de fé nesta Ciência Social. Com que então, todos podemos correr de forma igual? Só que nesta corrida de 100 metros onde todos podemos correr de igual forma, põem uns a começar a corrida a 10 metros da meta e, depois, por cada vitória, os derrotados são ainda penalizados na corrida seguinte, passando a partir uns metros mais atrás do que já antes partiam. Assim, a desigualdade cresce e os vitoriosos são cada vez menos e, maior, a multidão dos vencidos. Ou não será esta a história do Mercado?
Mercado como a meta final da ciência económica, parece-me uma questão de fé e sem a generosidade de outros fundamentalismos.

sexta-feira, junho 08, 2007

Aprender sempre

Nem tudo está perdido se reconhecermos que a força da unidade pode vencer a imagem da força do poder instituído. Saibamos apenas não nos render perante o primeiro embate, que, seguramente perder uma batalha não significa, necessariamente, perder a guerra. Aprendamos com os animais.

quinta-feira, junho 07, 2007

American Standard

Cada vez mais se sente no mundo a dominância do American Standard. Em quase todas as áreas de actividade, tem vindo a imperar de forma mais contundente. Mesmo nas coisas banais do dia-a-dia, o American Standard domina. O Império estende os seus valores. Dificilmente se resiste.
Quando lá estou, é quando mais aprecio o American Standard. Dá bons momentos de alívio e permite-me descarregar de forma adequada toda a minha apreciação relativamente aos American Standard. Passe a publicidade, faço-o com gosto nos padrões americanos.

quarta-feira, junho 06, 2007

Toronto

Nunca as cidades são iguais depois das primeiras vezes que as vi. É com as reobservações que começam os defeitos. Toronto está mais alta, cheia de condomínios de vidro. Também não sei, exactamente, se esta foi alguma vez uma cidade bonita, como Praga, por exemplo. Será Lisboa menos bela porque a vejo mais? Ainda assim, Toronto tem o Path para brincarmos às toupeiras e lá continuo a encontrar pretos de todas as cores até aos brancos, como se o mundo tivesse encontrado um ponto de encontro. Mas mais ainda, tem a viela que gosto de possuir nas cidades. Em Amesterdão tenho uma que é um canto de paz, aqui também. Fica por cima da Bloor St, com uma entrada discreta por um centro comercial, a Hazelton Av. Galerias de arte, antiquários e, sobretudo, silêncio que se ouve no meio da metrópole. Pequenina, mas suficiente.
As cataratas de Niagara também foram mal percebidas em dia de chuva. Pior quando, havendo que ser politicamente correcto, tem de se ceder aos caprichos de um grupo, que vive de almoçaradas e refúgios em lugares quentes. Parece que vêem a paisagem no restaurante onde a não vêem, como se fizessem mais uma marca numa lista de controlo. Consumido. Vamos embora.
Mais uma vez, os meus agradecimentos aos melhores doentes do mundo.

sábado, junho 02, 2007

Cá estamos


Com algum atraso chegámos a Toronto. Check-in feito, abancámos num jantar de madrugada (devem ser umas cinco da manhã na minha terra). Onde estou na foto de grupo para os próximos dias? (Imagem do BMJ de 2003, 31 de Maio).

sexta-feira, junho 01, 2007

Barbaridades

A revista da Continental é uma surpresa. Página sim, página sim dá a ideia da importância do segundo melhor negócio depois das armas. Em página inteira, são os anúncios das clínicas com letras de grande tipo anunciando os Best Doctors in New York. Como os sabonetes ou um qualquer detergente que lava mais branco. Definitivamente, não me revejo nesta identificação da saúde como bem de consumo para promoção de companhias seguradoras donas de nós.
E também os anúncios de fármacos milagrosos que nos não deixarão envelhecer, como se isso fosse coisa ruim e não um acontecimento natural, desejavelmente apreciado. Nesta terra da liberdade de ser ignorante e devorador da palha fornecida pelo marketing diz-se «HGH is known to reverse hemorrhoids, multiple sclerosis, ankylosing spondylites, macular degeneration, catarats, colitus, fibromyalgia, angina, chronic fatigue, diabetes, hepatitis C, rheumatoid arthritis, high blood pressure, sciatica, helps kidney dialysis and heart and stroke recovery». Impune e despudoradamente, mente-se. É a isto que chamam imprensa livre ou o direito de enganar. Só que são sempre os mesmos os enganadores e os enganados.
A aproximação a New York decorre assim entre a estupefação e alguma irritação. Aliviada pelo espectáculo de Barbara, assistente de bordo, cinquentona, pouco mais de metro e meio de pessoa, bem anafada, cabelo pintado louro, esparvoado de madeixas, que logo à entrada nos saudou com um esganiçado oh folks how r u? e que ao longo da travessia, corre, pula, meneia a cabeça, não pára, sempre em gritinhos, qual cocker inquieto. Uma boa ilustração deste mundo bárbaro onde irei chegar daqui a pouco, tão bem ilustrado por esta Barbara.