quarta-feira, janeiro 31, 2007

Espanto 2


Diz-se que defendendo o Não, estamos na vanguarda da civilização. Não estamos nada, somos apenas mais uns, deste grande e avançado mundo. O hemisfério Norte que se cuide. Na imagem, a branco, os países que já disseram Sim.

Espanto!

O senhor Ministro deve pensar (?)que ninguém o ouve. Somos um povo barato, mas que raio dizer isto na China fará sentido? Barato por barato mais vale investirem nos deles, não?
Até quando esta gente?

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Babel

Num mundo de muitas línguas, verificamos que não são elas o que nos divide e impede de comunicar. Neste mundo de Babel entendemos até os mudos, que nos entendem a nós. A comunicação entre os homens é perturbada mais pelo sítio onde nascem do que pelas línguas que falam. Como homens nos entendemos de uma forma ou outra, lendo lábios, gesticulando, encontrando algum intérprete. Muitas vezes é entre os que falam a mesma língua que surgem as diferenças de compreensão, pelas diferenças sociais em que estão. Depois há esse espaço mágico de entendimento que é a família. Será que é o que resta de entendimento num mundo global, onde a facilidade dos meios de comunicação sincroniza a notícia do deserto ao Japão, sem facilitar a comunicação entre as pessoas?
A denúncia da América básica é outro dos pontos fortes deste filme onde se vê a consciência dos americanos relativamente à antipatia do mundo para consigo e também a selvajaria dos comportamentos que New Orleans já há bem pouco tempo tinha mostrado ser infelizmente não só ficção.
Gostei muito, mas, ou muito me engano, ficará à porta dos Óscares. Mas isso também será o menos importante.

domingo, janeiro 28, 2007

Sentido de voto

Que importância terá afirmar-se que «a lei natural é idêntica para todos ... e que o bem deve ser feito e procurado, e o mal evitado» (Tomás de Aquino)? Assim pareceria ser se não fosse o problema da natureza da lei não conter em si a aplicabilidade universal que se atribui às leis. E uma lei que não é geral, é iníqua e, historicamente, mais não será que a lei de quem domina em certo momento. Assim, a lei natural mais não é do que uma abstração e consequentemente o mesmo serão os conceitos de bem e mal que nela se baseiem. Ao longo da história, até no mesmo lugar, estes conceitos têm mudado. Por exemplo, aquilo que quase todos hoje consideram aberração e mal, seja a violação das mulheres dos vencidos na guerra ou a escravatura, foi em tempos, pelos homens considerada natural e não necessariamente, um mal. (Que se irá pensar, daqui a 500 anos, de haver no início do século XX, um mundo onde uma pequena minoria vive beneficiando da esmagadora maioria de gente explorada e sem voz?) A lei natural é, assim, um produto das circunstâncias do momento, mais fácil de partilhar pelo colectivo quando o mundo era pequeno e as fronteiras o limite da caminhada. No mundo de hoje, globalizado e instantâneo, a lei natural acabou e, com o seu fim, o conceito de bem ou de mal. Excepto quando, alguns fundamentalistas, invocando alguma superioridade que lhes vem da inspiração divina, se propõem aniquilar os opositores em nome do bem. Entre estes estarão, por ordem alfabética apenas, Bin Laden, George W Bush e respectivos seguidores. O Bem será só e aquilo que cada um, querendo fazer o bem, decide fazer em cada instante. Pode ser uma coisa e o seu contrário, isto é, existe porque é feito, não para obedecer a uma qualquer lei. Tanto Bem será lançar aviões contra torres matando 3000 pessoas, como invadir países como forma de os controlar, liquidadndo algumas centenas de milhar.
Impôr a minha ética aos outros, será, no mínimo, pouco ético. Vejo hoje por aí, muita vontade de alguns imporem a sua ética a outros que terão a sua, possivelmente, tão válida quanto a dos primeiros e fazem-no escudados em vidas que nada conhecem das vidas dos que julgam. No fim, serão possivelmente as diferenças, a causa maior das várias leis naturais possíveis ou, a única lei natural viável, será a tendência para a igualdade entre os homens. Só que alguns, que tanto se proclamam pela Vida dos fetos, parecem muito pouco preocupados com a Vida dos homens, quando, por exemplo, aceitam a desigualdade crescente ou as guerras de dominação como lei natural. E já agora, qual a diferença de atentado à vida, quando se aceita o aborto numa filha que foi violada e se nega o mesmo acto a uma mulher que, em determinadas circunstâncias, se sente incapaz de prosseguir uma gravidez? Ser ético é decidir em cada instante, o que achamos ser o bem, é agirmos com Liberdade, «actuando pensando sobre as coisas que se encontram para além dos nossos próprios interesses» (Singer).
Todas as coisas da vida têm os seus limites, incluindo naturalmente o Direito à Vida ou o Direito à propriedade sobre o qual(novamente Tomás de Aquino) escreveu: «quando uma pessoa se encontra num perigo iminente e não há outro remédio possível, então é legítimo que um homem satisfaça a sua necessidade recorrendo à propriedade de outrém, tomando-a quer aberta quer secretamente e isto não constitui, estritamente falando, assalto nem roubo.(...) Em caso de tal necessidade um homem pode igualmente apropriar-se secretamente da propriedade de outrem para satisfazer as necessidades do seu próximo».

sábado, janeiro 27, 2007

Scoop

Scoop, sendo uma fita interessante, fica longe dessa outra muito grande que foi Match Point. Afinal, se calhar, não se pode pedir a alguém que, aos 71 anos, faça duas de seguida com o mesmo grau de desempenho ao nível da excelência... A segunda repete a receita, mas falta-lhe a criatividade, é mais artesanal e menos arte.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Gostei

gente com esta criatividade e prémios bem atribuídos. Nem toda a gente, não tem limites e quer sempre mais. Há quem saiba o que quer e lhe dê muito jeito. E que sabe que há mais gente no mundo. Ainda há notícias curiosas.

Na escola

Já há muitos anos que não me sentia a ser avaliado por alguém que soubesse mais do que eu na matéria em causa. Regressar à escola, sabe bem. E saí com aquele ar dos jovens que pensam, devo ter passado, mas não sei até que ponto. Ou não...

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Quero lá saber do rabo do PM

No debate do mês, o PM veio hoje esclarcer que os membros do Governo não têm rabos de palha. Como se a nossa curiosidade, sobre este Governo, fosse saber como são os rabos dos seus membros.
Mais interessado, estou eu pessoalmente, em saber por que razão se não pode investigar quem enriqueceu de forma inexplicável. Quando isso acontece, a suspeita existe, que mal tem tentar perceber? Defender os direitos de um possível traficante de droga? Em nome dos Direitos e Garantias não vale.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Abortos

«Nós todos, os que aqui estamos, já alguma vez fomos embriões», disse agora Bagão Félix. É destas frases que se faz o mundo dos abortos. Alguns, abortaram, outros sobreviveram e dizem estas coisas.

Complex

É complicado prescrever. Refiro-me a ter o papel onde o fazer. Primeiro tem que se ir à ARS e não é fácil estacionar. Depois, chegando até às 16, consegue-se chegar a uma fila onde estão vários mensageiros dos doutores da terra a buscar as tais receitas num espaço que é mais ou menos assim: um corredor de unn dois metros de largura, ladeado por dois muros de gichets, dentro dos quais estão quatro-4 funcionários. Começa-se por ir preencher um papel, onde colocamos os nossos dados pessoais (desde o número da Ordem dos Médicos ao nº de contribuinte). Assinamos. Entregamos o papel à primeira funcionária, que, diligentemente, com o indicador da mão direita, vai martelando no teclado do computador (bendita seja a informática!) os nossos dados. Os que tínhamos escrito no tal papel. Cerca de 10 minutos depois (com a ajuda da informatização) e depois de um último toque triunfal numa tecla, a impressora começa a debitar 3 cópias. Entregam-nos as três cópias para irmos pagar à Tesouraria no muro dos guichets em frente. Um educado funcionário recebe os três papéis, que carimba e assina várias vezes. Pagamos 4 euros por bloco (100 receitas). Voltamos com os três papéis ao outro lado onde tínhamos estado e, depois de conferida a escrita toda (mais uns 5 minutos), dão-nos um bloquito de receitas, que nos custou 4 euros, acompanhado de um dos papéis. A funcionária levanta-se e vai arrumar o outro papelito numa gaveta ao fundo da sala. Quatro euros, uma ova! E o parque de estacionamento, a hora gasta no atendimento, os custos dos funcionários, o papel gasto, os meios informáticos, esta vergonhosa burocracia toda? Complex!

domingo, janeiro 21, 2007

Aborto!


No mapa estão, assinalados a branco, os países corruptos e traficantes de droga na opinião do senhor Dr. Marques Mendes.

O som do silêncio


Há objectos de que sentimos falta de tempos a tempos. Hoje, por exemplo, tive saudades do meu velho despertador. Tinha uma rodinha em cima, que à hora certa, era martelada e me acordava sem piedade. Era a ilustração exacta da palavra. E há palavras que têm tudo dentro delas, que basta o nome que têm para as entendermos todas. DESPERTADOR, vê-se logo o que quer dizer: despertar como acordar, e dor, o dia de trabalho à porta. Nem mais, acordar para o trabalho. Assim é, infelizmente, na maioria dos casos. O trabalho como ideia de sofrimento. A alienação a isso nos tem levado e, demasiadas vezes, apenas se procura a sobrevivência naquilo que tem que se fazer. Separados do produto, desencantamo-nos com a sua produção. Mas a saudade, teve, penso, ainda outra causa mais profunda. O velho despertador foi substituído por uma coisa bem diferente. Agora, à hora certa, saem geralmente de lá notícias ou anúncios ou, em dias melhores, eventualmente alguma música. Cada vez mais, do acordar ao deitar, sou acompanhado pelo ruído de fundo de qualquer coisa que pode ser rádio, TV, os carros na rua, as apitadelas no cruzamento ou mesmo só os berros que se soltam por aí. O tempo de silêncio quase desapareceu das nossas vidas. Como se já não fossemos capazes de estar sozinhos, temos de ligar o rádio ou ipod no carro, estudamos com eles ligados, trabalhamos a ouvir música. Muitas vezes, possivelmente, já nem a ouvimos, é só para estarmos acompanhados pelo ruído, uma companhia que se nos entranhou e sem a qual quase se sente alguma dor. O dia-a-dia tornou-se ENSURDECEDOR. Mergulhados em ruído, deixámos de ouvir (ensurdecer) a dor, para lhe sobrevivermos. Negando o silêncio, perdemos o hábito da reflexão, alienamo-nos mais uma vez. A seguir acabamos a fazer compras, envoltos na música de fundo de um qualquer Centro Comercial.

sábado, janeiro 20, 2007

Más notas

O senhor Ministro anda de cabeça perdida. Depois de dizer que os hospitais públicos não assegurarão o anonimato das mulheres que fizerem abortos nos seus serviços, veio agora dizer que os médicos, afinal, já podem trabalhar no privado e no público desde que funcionem em horário reduzido no público, isto é, desde que lhe fiquem baratos. Esqueceu-se de dizer que funcionando em horário reduzido não deverão ter cargos de direcção no público. Este CC tem este jeito meio estranho de atirar ideias para o ar, não as mede, depois não se pode queixar. O mais estranho é que dá a noção de que anda perdido, espezinhado pelo défice, já não consegue raciocinar, ter um projecto. Certamente, que a estas confusões não serão alheios os conselhos de alguns dos seus amigos nem as ordens que lhe chegarão dos bancos cada vez a investirem mais na saúde. No meio destes sinais o homem parece perdido sem saber como concilia um SNS tendencialmente gratuito e universal com tanto interesse mesquinho de tanto parasita. A Saúde não deve ser negócio, como diz o slogan. Mas parece que é isso que ele anda a tentar fazer: acabar com o direito para implementar o negócio. Dá-me pena ver pessoas acabarem assim, desperdiçando os sonhos que tiveram.

Dizem que catorze médicos em 30000 andam a prescrever medicamentos para irem passear. Até nem é muito, mas se quiserem acabar de vez com a pouca vergonha, o melhor seria retirarem os delegados dos Laboratórios de dentro dos centrsod e saúde e hospitais. A chamada informação médica não tem sentido quando toda a Informação de que necessitamos está acessível na Net sempre que o desejarmos. Mas o homem não consegue fazer frente aos corruptores, logo vira-se para os corrompidos. Especialmente, quando é necessário negociar contratos com os médicos, é útil fragilizá-los junto da opinião pública.

Mais vale fazer como Joao Cravinho, que ao menos troca a coerência por um lugar bem pago lá em Londres. Uns assumem-se com clareza e ainda nos deixam uma imagem de bons rapazes. É o caso deste que queria combater a corrupção no país. Só que os parceiros do PS parece que não estão interessados. A vergonha era verde e os bichos andam por aí e comem.

O juiz decidiu que a criança era entregue ao pai biológico e que o pai adoptante deveria ser preso por a não entregar. O tal poder independente da magistratura tem agora que se confrontar com o poder da Imprensa, que está a «demonstrar» a mosntruosidade da decisão. Já ouço, ao almoço, as auxiliares dizerem que o julgamento é uma farsa. Nunca estivemos tão perto do Poder Popular... (Independentemente de achar também que a criança deve continuar com os pais adoptantes!)

Mas está divertido este país onde o PP agora acordou a dizer que os magistrados não podem emitir opiniões. Prepara-se o regresso do Paulinho das feiras?

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Uma enorme estupidez

Entre as muitas características que caracterizam esta gente há uma que sobressai, o chamado desenrascanço. Nota-se a todos os níveis. Pode encontrar-se na beira da estrada no automóvel que decidiu parar ou no gestor que não sabe que voltas dar à coisa. Raramente, se vai pelo caminho mais complicado das fortes razões e se procura um atalho que torne a coisa transitoriamente mais fácil. Não é de estranhar que também os decisores médicos tenhama veleidade de ir por esta via e, quando percebem que não têm condições de assegurar um serviço, em vez de suspenderem o serviço com a dimensão que tem, procurem um remendo que vai rebentar aofim de pouco uso. Quando ao longo dos tempos se descapitaliza um hospital dos recursos que lhe podem assegurar o funcionamento de um serviço de Urgência, o melhor é reduzir o nível de intervenção nesse campo e fazer o que se pode. Não vale a pena inventar soluções impossíveis e nunca sera possível imaginar que serão hiperespecialistas a fazer o trabalho generalista. Não é por má vontade que o não farão, apenas por imcompetência e desconhecimento. Realmente, a visão microscópica que os caracteriza, fez-lhes perder a visão global, habilita-os a resolver problemas específicos, mas impede-os de perceber e saber actuar no geral. É, por essa incapacidade, que não farão o tal serviço. Por mais nada. Serão óptimos a trabalhar em equipa, de nada servirão para substituir o que falta. E não perceber isso, é continuar a agravar o problema, impedindo a renovação e acabando com o que existe. É o mercado, estúpidos!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Rotina

O prazer de não ir por onde habitualmente se vai, mas sobretudo não andar de roda, no mesmo plano do tempo. Mesmo que seja em círculos, que eles se alarguem no tempo. Como se o tempo fosse um plano de espaço, uma sucessão infinita de planos, acabando por desenhar uma espécie de espiral. Como uma mola para nos levar mais adiante. Ao fim de uns anos em que os anos têm sempre tido uma sequência redonda, apetece ir por outro lado, só mesmo e apenas para contrariar a rotina. Esta de andar às voltas sempre voltando ao mesmo sítio, negando a dimensão do tempo, numa infantilização impossível. Por agora, acabaram-se as rotinas e numa tentativa de renascimento, caminharei por ruas não andadas só pelo desafio de não ir pelas de todos os dias.

sábado, janeiro 13, 2007

A terrinha ao sábado

Basicamente ele disse que errar é humano e tem razão. Assim é. Mas quando um ídolo desportivo, um símbolo para a juventude, é apanhado a conduzir com alcoolemia elevada, não tem o direito de dizer isso. Nunca pode dizer, que teve azar, que até só bebeu o seu vinho. Tem de pedir formalmente desculpa aqueles a quem dá exemplo. Tem de explicar muito bem explicado que aquilo que fez, é errado e não é exemplo a seguir. Esse é um dos custos do que lhe pagamos. E será que a partir de agora, o crime de conduzir sob efeito do álcool vai passar sempre a ser punido apenas com trabalho comunitário?

A meningite está definitivamente na moda. Agora foi uma aluna de Direito que foi internada com a doença e logo a Direcção da Faculdade se apressou a encerrar a dita por causa do contágio. Parece que as autoridades sanitárias não acham que seja necessário, mas parece ser politicamente correcto fazer-se a coisa assim. E desta vez não foram iletrados encarregados de educação, foram catedráticos, o que eleva o nível da decisão... Ou não!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Estímulos

Há quem fale de violência a propósito de algumas coisas como esta, mas nesta terra gostamos de dar oportunidades, sobretudo a quem persegue objectivos bem definidos. Há que estimular quem sabe o que quer.
E, se pensarmos bem, não haverá por aí quem os conduza todos os dias, ou pior, os mande conduzir? Também lutaram com enormes sacrifício pelos seus ideais e atingiram, finalmente, as suas metas. E tudo dentro da mais estrita legalidade, o que é ainda o mais extraordinário de toda a história.
Completamente fora do contexto, cito, Vicente Romano:
«Os Estados Unidos e a União Europeia investem cerca de 42 euros per capita em investigação militar e apenas uns 10, ou seja, a quarta parte, em investigação sanitária»
«Os governos que dirigem os povos dedicam cerca de 24 mil euros em gastos militares por soldado, contra 400 euros por criança em idade escolar»
o resultado desta estratégia pode ser lido aqui Recomendo em especial o quadro 1 da página 283 do relatório, onde se pode ver a posição de Cuba e compará-la com a de tantos outros países livres.

Sem piedade

Incapaz de sentir solidariedade pelo sacrifício de quem manda. Ainda posso compreender que nem sempre seja fácil, mas daí a sentir a tal solidariedade por uma coisa a que se não está condenado e pela qual tanto se luta tantas vezes vai uma distância grande. A minha solidariedade vai toda para as vítimas, sem alternativa, para os que são mandados. Para os que mandam vai antes a minha exigência de que tornem a vida dos mandados uma coisa mais gostosa e tolerável de viver. Que não mandem pelo prazer de estar, do poder, que a esse não tenho qualquer respeito. Que mandem pelo projecto que têm de mudança e se o não têm, exijo que a sua ambição seja deixarem o mando. A quem manda é exigível que transforme e melhore, de outra forma para que terá o poder?

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Competência e público

Parece que o problema é o Director Geral dos Impostos ganhar cerca de 4 vezes mais do que ganha o Primeiro Ministro. Que bom seria termos um Primeiro Ministro que ganhasse o dobro do Director Geral dos Impostos e produzisse o dobro do que ele produz. Que bom seria entregar a direcção do Estado a quem produzisse e fosse competente. Eu pagava!

terça-feira, janeiro 09, 2007

Céu geralmente nublado

Têm passado os dias, sem quase nada a passar. Continuo pregado no tempo.
Há dias em que me apetece gritar, O PÚBLICO É NOSSO, o privado é dos donos. Mas calo-me, que já ninguém quer saber disso e já basta de me sentir ET. Entretanto fiquei a saber que os colaboradores da organização (são estas as palavras novas para escravos e negreiros) Walmart estão de chamada em casa e vão às lojas quando são bipados. Esta interessante sociedade parece-se cada vez mais com o mercado de pretos imigrados ali ao pé do Colombo, disponíveis para darem o corpo na construção civil todos os dias antes das 8. Quando a maré os leva.
O regresso ao passado continua quando Saddam é pendurado na praça do pelourinho em que transformaram a Internet por estes dias. Ninguém sente a pequenez que se é. O espectáculo da morte os encanta.
Em Portugal ainda se morre naufragado a 40 metros da praia e os nossos almirantes da armada pedem desculpa e não sabem porque se morre assim sem socorro. Nada acontece depois da desculpa, que ela dilui o chafurdo da imprensa e, afinal, os que foram são os do costume. Sempre as mulheres da Nazaré tiveram estes prantos, faz parte do cenário português.
Neste pântano, sorrio quando uns miúdos que quase pagam o equipamento para jogarem à bola, vão ao Porto ganhar aos senhores do futebol e têm prémio de produtividade em patuscada de leitão da Bairrada. Ainda há provas da existência de Deus...
O céu segue geralmente nublado e as radiosas alvoradas tardam a chegar.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

A anestesia e a náusea

Ainda às voltas com os tempos, fico nauseado quando vejo a negação dos tempos idos sacrificados às miragens dos tempos novos. Aparentes poderes deixam de o ser quando se sacrificam ideias às estratégias movediças e se negam as opções de antes, atrofiadas pelas circunstâncias, de novas modas. O poder justifica-se para a mudança, não para o discurso que fica bem na televisão. Não o usar é deixar que o futuro fique lá, sempre muito longe, inacessível. A realidade da táctica sacrificada a uma estratégia virtual, só mantém, não muda nada. E há momentos em que não mudar é perder definitivamente a batalha. A menos que se tenha mudado a posição na barricada e que as boas palavras sejam afinal apenas ópio para os ouvidos das vítimas. Se nos amputarmos o passado é uma grande parte de nós que parte.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Futuros

Desde que me conheço... Assim não, que afinal, a gente nunca se conhece. Por isso ficará melhor, desde que me recordo, porque há um período longo, depois de nascermos, em que afinal não somos quase nada limitando-nos a gritar por comida e a comer ficando o resto do tempo para as artes de descomer, desde que me recordo, dizia eu, que o futuro tem mudado de aspecto. No princípio, o futuro nem existia, era mesmo só o presente, depois, já na escola, tinha aquela noção de cumprir os deveres para ter um futuro melhor. À medida que fui crescendo, o futuro continuou sempre a fugir à minha frente, como quando se sobe um monte e se chega a um cimo e logo se vêem mais cimos adiante. O raio do futuro, penso agora, é um somatório de presentes e cada vez tenho menos vontade de esperar por ele. É por isso que esta cantiga dos nossos líderes políticos, como agora o Presidente, passarem todo o tempo a pedir-nos sacrifícios no presente para colhermos no futuro, só a consigo ouvir com grande desconfiança. É como conquistar o Céu depois de morto. Há quem acredite. Até porque há alguns incrédulos que se estão nas tintas para os sacrifícios para o futuro e tratam é de garantir o céu enquanto estão no presente. Por exemplo, no último ano, ganharam em Bolsa mais de 30%, contrariando, claramente, o que diz o senhor Primeiro Ministro que, ainda recentemente, nos ensinou que só trabalhando se pode progredir. Obviamente, é mentira, que estes ganharam-no a dormir, sonhando enquanto o mundo continuava a rodar desde o Nikkei ao Dow Jones, realizando futuros todos os dias. Começo assim o ano com muito pouca vontade de sacrificar o presente em nome do futuro.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Tempos

1. Sinal dos tempos: criaram mais um mártir, depois não se queixem. E já plantaram mais 3000 cruzinhas brancas em Arlington.

2. O envelhecimento é fruto dos tempos que passam. E por estes dias é, invariavelmente, apresentado como calamidade que se abate sobre nós. Em todas as imagens que nos vendem, há uma imposição de juventude. Possivelmente escrevo isto por estar a ficar afectado pela peste. Mas para memória futura, noutros tempos, ainda acho que a principal limitação do envelhecimento é o esquecimento... relativamente às dúvidas que se tinham na juventude.

3. O perigo é ficarmos a olhar a areia fina a escorrer pela cintura da ampulheta só com a preocupação de virarmos o objecto depois do último grão para termos a ideia que o tempo tem fins e princípios. Que me desculpem não entender os fogos de artifício destes dias. Por isso, por preguiça e porque todos sabem que lhes desejo bons dias todos os dias, peço desculpa de não ter enviado mensagens a todos aqueles que mas enviaram.