sexta-feira, dezembro 29, 2006

Segredos médicos

Esta é uma profissão de segredos. Faz parte do mais intocável da actividade dos médicos o segredo do que se passa entre nós e os doentes. Mas +para além desse segredo, há outros dois segredos que caracterizam os médicos tais como os conheço. O primeiro, é a denúncia, em privado, dos erros dos colegas. Mas ´so em privado, que em público, o que se sabe passa a estar sob segredo e não é dito. O outro é o (in)cumprimento dos horários nos hospitais públicos. Os directores dos serviços vão confirmando, no fim do mês, a presença e o cumprimento escrupuloso dos horários dos seus médicos. Mas todos sabem que têm um segredo que guardam bem guardado: Ninguém cumpre! O problema é que a temível informática veio agora perturbar a coisa. Malditos engenheiros! Será tempo de recorrer aos advogados?

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Não à pena de morte

Há um estranho e séptico silêncio à volta da sentença de Saddam. Obviamente, deve neutralizar-se quem como ele fez o que fez, mas vai uma grande distância entre isso e a condenação à morte. Temos obrigação de aguentar os monstros que criamos. Esta é uma das poucas certezas que tenho por estes dias. Estranho que a morte de alguém seja causa de regozijo como parece acontecer entre os cowboys que dominam este mundo. Fico algo aliviado por viver numa região onde a barbárie não é saudada. Mas não é bastante. É bom que se diga que a pena de morte é barbárie. Ponto.
Deve ser a mesma lógica de justiça que faz com que os seguidores destes bárbaros sejam defensores da penalização das mulheres que se vêem na necessidade de abortar, o célebre princípio do respeito pela vida humana. E vamos vê-los na defesa da sua convicção nos próximos tempos, tanto quanto os vemos agora a festejar a morte de mais um condenado.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Pós-Natal

Nas revistas cor de rosa, o Natal são lindas árvores com luzinhas que acendem e apagam sem parar. Mais recentemente, são também as mesas de Natal que as enchem. Os tios estão de sorriso de marca e abrem as portas de casa a quem quer espreitar. O Natal tem um glamour imenso.
Mas há outro fora das revistas. E muito mais Natal que esse das prendinhas e do Pai Natal, acidentalmente, vermelho. Sem renas nem trenós, que a vida às vezes puxa-se à mão contra os atritos que se lhe erguem e nem se sabe se avançamos ou ficamos. Muitas vezes, apenas se patina no chão do tempo, sem a alvura do frio que nos vendem embalada. O Natal das dúvidas que se acumulam sobre o sentido desta sucessão de coisas. Neste Natal, o outro glamouroso, só oprime ainda mais. Mas também há um sentir de bem ter feito, que liberta e nos ergue. A vida e a ética não vêm nas revistas que nos falam do Natal e são o que é, realmente, importante, muito mais que todo o glamour.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Marketing

Tenho, reconheço, uma má relação com o marketing. Mas não é por mal. Só que não entendo por que razão deveria ser contra os Impostos que o Estado me cobra e dos quais ainda obtenho alguns benefícios e não ter uma raiva profunda aos custos de produção que a publicidade representa sem que dela beneficie coisa alguma. Antes pelo contrário ao induzir-me a consumir aquilo de que não necessito, prejudica-me directamente, aumentando até o preço daquilo que eventualmente preciso. Não consigo imaginar uma sociedade (grupo de pessoas que vivem colectivamente) sem a existência de impostos estatais, mas nada me custa a vislumbrar um mundo sem publicidade, sem este espectáculo abjecto que é o meio que nos envolve nas cidades, cheias de outdoors, sem o ruído da TSF a debitar-me incentivos ao endividamento. Vivia muito bem sem isso e os produtos ser-me-iam bem mais baratos. Acho mesmo que, como cidadão, tenho o direito de reivindicar limitações à poluição que o marketing representa. Podemos não querer aceitar viver numa cidade que nos oprime para nos obrigar a comprar. Se podemos insurgir-nos contra a publicidade que nos colocam nas caixas do correio e proibi-la, por que não fazer o mesmo contra a que colocam à beira da nossa rua e que nos agride todos os dias quando saímos de casa?
Mas o marketing, às vezes, exagera. Como agora, quando recebo diariamente mensagens de e-mail a desejar-me as Boas Festas, assinadas pelos departamentos de Comunicação e Marketing de nem sei quantas empresas. Essas tretas são junk-mail, spam, nada dizem, apenas agridem um Natal já amplamente devorado pelas feras do consumo. Há Natal quando alguém quer partilhar umas cerejas ou uma garrafa de vinho, mas é anti-Natal o disfarce e a mentira do agradecimento interesseiro a pensar nas vantagens que poderão com isso advir para o próximo ano. De qualquer forma agradeço-lhes o reforço que fizeram à minha consciência e vou tentar ser mais prudente no ano que vem. Registo os nomes das vossas empresas e tentarei adequar os meus comportamentos.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Líquido

A água que escorre na parede pode distorcer a visão do que está do lado de lá. Muitas vezes há que ir lá para perceber o que nos espreita.




















Muito mais fácil é deixarmo-nos ir na onda

terça-feira, dezembro 19, 2006

carolina no país dos pintos

De passagem pela Bertrand ouço o funcionário perguntar ao outro, então vão chegar mais carolinas?, claro que sim, carolinas vendem-se como nunca! Só hoje chegaram mais de 1500 e amanhã já foram, venham mais. Não admira que a época vai fria e propícia para uma entrada no calor da noite, mais que não seja para uma inalação dos perfumes de pinto, adulterados por algum tabaco ou na ânsia de saborear alguns chocolatinhos. Finalmente, é um país que se revela e se verga diante de carolina, ávido de saber. E carolina domina, no top da coisa, perita que é na estimulação do consumo. No país dos pintos, encharca-os com o sonho do que nunca realizam. Pelo seu lado, vai acreditando no Pai Natal que é vermelho e no Benfica que é uma naçãog carago.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Público e privado

Num tempo em que tanto se critica o futebol, lamento não ver adoptados, na saúde, os métodos de gestão existentes nesta indústria. Neste campo, a medição do valor é mais intuitiva e objectiva (as vitórias e as derrotas), mas existem também em saúde métodos fiáveis de avaliação da produção e da sua qualidade. Haja vontade de os aplicar!
No futebol quando a equipa começa a perder de forma sucessiva há um procedimento quase constante, o treinador é dispensado. Na saúde não é assim, independentemente da eficácia, há directores que o são até que a reforme ou a morte os leve.
Agora que o Ministro da saúde veio dizer o óbvio, isto é, a simultaneidade de direcção de serviços públicos e privados «é passível de comprometer a isenção e imparcialidade com o consequente risco de prejuízo efectivo para o interesse público», logo temos o Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos a dizer que a medida é ilegal!! Defende o Dr. Pedro Nunes que «os médicos não são melhores nem piores por trabalharem no público ou no privado» e manifesta a sua preocupação dizendo «que é um suicídio, em termos do SNS, dizer aos médicos que se querem trabalhar no privado não podem trabalhar no público». Isto é, em seu entendimento, os Mourinhos podem treinar simultaneamente o Chelsea e o Manchester, possivelmente fazendo as manhãs em Londres e as tardes na cidade do concorrente.
Esquece o Senhor Bastonário dois aspectos importantes. Primeiro, ignora a concorrência de interesses entre as empresas públicas de saúde e as empresas privadas e entre estas entre si. Será que é concebível que o mesmo médico vá dirigir um serviço de medicina, simultaneamente, no Grupo CUF e no BES? Ou estará o Senhor Bastonário a admitir que a direcção de um serviço no sector público é diferente das mesmas funções numa empresa privada? Há um vício no raciocínio do Bastonário. Até agora, o prestígio ia-se procurar no público, e o dinheiro ia-se ganhar no privado, hipoteticamente «gerindo» com alguma superficialidade o primeiro, melhorando a situação no segundo. Se aos directores do público fosse exigida excelência, como o interesse público exige, necessariamente, este sector dos cuidados de saúde seria a referência. Se o não é, deve-o, antes de mais, ao deficiente desempenho de quem o dirige (os treinadores). No futebol já muitos teriam sido dispensados.
A segunda confusão do senhor Bastonário diz respeito ao suicídio do SNS. Não será certamente por migrarem algumas andorinhas que a Primavera acaba. Há muitos médicos que acreditam no SNS e acham imperiosa a sua defesa para benefício dos doentes e estarão, de certeza, disponíveis para o fazer, gerindo eficazmente os serviços públicos. Os serviços públicos serão para os pobres, se forem mal geridos face à gestão dos privados, como hoje já acontece, por exemplo, nos EUA.
O que é lamentável nesta decisão do Ministro da Saúde é que seja facilmente contornável e que não seja a declaração desejável de incompatibilidade entre exercício (e não apenas a Direcção) de actividade privada e pública e não introduza uma sã concorrência entre os dois sectores com águas rigorosamente separadas. Há um grande espaço de crescimento da actividade no sector Público, haja vontade de o estimular.

sábado, dezembro 16, 2006

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Mais um dia (diferente)

Passar este dia na escola soube-me bem. Não é que tenha de ser um dia diferente dos outros, mas sempre acaba por o ser. É incontornável, mais um risquinho nos molhinhos dos anos, que as mensagens não deixam esquecer ainda que se queira. Por isso acaba por saber tão bem ter estado de aluno neste dia. Enquanto aprender estarei vivo.
Só um bocado da noite me roubaram ao dia. Roubaram porque não é agradável ver sair de cena alguém que esteve no palco tanto tempo, mesmo que o tenha assobiado umas vezes e aplaudido outras, que nestes espectáculos os percursos não são invariavel e monotonamente ascendentes ou só de êxitos. Nem os humores de quem assiste. Pior foi sentir que não tem vontade de agradecer ao seu público, que fica sozinho algures na sua distância, sem encore. Estou só na plateia?

quinta-feira, dezembro 14, 2006

A liberdade dos burros

No sempre informativo curso de Gestão aprendi hoje a diferença entre Socialismo e Capitalismo (ultimamente designado por liberalismo). No primeiro caso, trata-se de um burro que tem garantida diariamente uma cenoura; no segundo, o burro tem às costas um tipo bem gordo que leva pendurado na ponta de uma cana em posição inacessível ao burro, um molho enorme de cenouras, que fazem o pobre do bicho ter a ilusão de que algum dia terá lhes acesso. E caminha e caminha muito livre, o desgraçado.
Os resultados da gestão deste sistema foram recentemente publicados pela ONU: 50% dos habitantes do mundo onde o sistema domina são donos de 1% da riqueza; 2% dos condutores de burros possuem 50%. É este o real valor da liberdade dos burros.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Uma medida certa e sem efeito

Decidir que os médicos gestores de serviços privados de saúde não possam acumular essas funções com a gestão de serviços públicos é uma medida que vai na direcção certa da preservação do bem público, mas vai ser ineficaz. Facilmente, os lugares de direcção dos privados serão ocupados por testas de ferro e as suas estratégias de demolição do público continuarão a ser executadas. É curto, senhor Ministro Correia de Campos! Serve para aliviar a consciência, parece moralizador, mas é absolutamente ineficaz.
A eficácia seria conseguida com uma sã concorrência entre público e privado. Quem trabalha num dos sectores, não poderia trabalhar no outro. Seria do mais elementar bom senso, pois se trata de sectores concorrenciais em que o controlo e os proventos são distintos para os executantes. De uma forma geral, são mais atraentes (leia-se é-se mais bem pago) os benefícios pessoais no sector privado, logo quem trabalhar nos dois, seguramente, não é inocente na forma como actua num e noutro, tentando (que diabo, até é humano) beneficiar a actividade no privado em detrimento do público. Não se lhes pode pedir que tentem reduzir listas de espera no público quando são elas que engrossam o recurso dos doentes aos privados! Ou pensam que os médicos são anjos! E, no limite, porque se pode abdicar do lucro no sector público, gerindo-o com firmeza e correcção, até se pode pagar aqui melhor aos técnicos que no sector privado, não havendo, por isso, o risco anunciado, mas não concretizado nunca do êxodo para os privados. O problema é outro: este poder está atado pela Banca e pelas companhias de seguros e tem de realizar a sua missão de estimular a «iniciativa» desses sectores no campo da saúde, onde, recentemente, têm vindo a fazer investimentos contando, claro, com o papel de destruição anunciada do Serviço Nacional de Saúde. Quem vai pagar a factura serão sempre os mesmos, os que, por engano, continuam a pensar que não há mais mundo além do PS/PSD/CDS.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Amizade

Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! ...
Antoine de Saint'Exupery




Neste tempo em que quase todos andam centrados nos vários megas e macros que os absorvem, tenho um especial gozo em «usar o tempo a desfrutar de pequenas coisas». Abomino as corridas natalícias, a pressão das prendas porque-tem-que-ser. Apetece-me deixar isso ao Pai Natal que é um lorpa que descansa todo o ano à espera que chegue o 13º mês. Deve ser por isso que me deu tanto gozo ter passado algum tempos destes últimos dias às voltas, a remexer lembranças, instantes e imagens, porque foi a forma certa para ter estado a desfrutar dessa «pequena coisa» que são os amigos. Estes surgiram quando já não se espera muito que aconteçam, já depois de bem entrados nos anos. Geralmente, porque os amigos fazem parte do micro e são «time-consuming» é preciso estar-se virado para «as pequenas coisas» e ter o tal tempo para se fazerem. Acho que será por isso que é habitual fazerem-se amigos enquanto crescemos, na juventude, quando existem as condições ideias de crescimento do substrato de que são feitas as amizades. Depois, quando muito, tentamos mantê-los e, muitas vezes, ainda perdemos alguns na caminhada. O mais que conseguem os adultos é, quase sempre e só, achar uns conhecidos ou colegas com quem se bebe uns copos, se faz um barbecue ou até se vai às compras. A vida não lhes dá para mais. Na minha tive esta sorte de encontar amigos fora de época, possivelmente também, porque gosto de «coisas pequenas».

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Tragicomédia

Fui ao teatro de manhã, o que não é a hora mais habitual. Mas estes rituais de doutoramentos outra coisa me não recordam, com o problema de ser mau teatro, geralmente. O texto hoje, era particularmente, trágico. Pelas entrelinhas pareceu-me ouvir que mesmo que a tese não confirme a hipótese o erro deve ser da matemática porque a hipótese era óptima. No mínimo, será um conceito revolucionário, que irá alterar toda a metodologia da ciência de agora em diante.
No fundo são tudo bons rapazes, mas depois de uma destas, fico cada vez com menos vontade de fazer «uma merda qualquer», na expressão ilustre de um catedrático nacional, para entrar nestas peças.
Realmente, estes dois dias de encontros apenas visam avaliar a docilidade do candidato, não tanto a sua ciência ou inovação. Para os candidatos são um ritual de iniciação que terão de ultrapassar para chegarem aos benefícios dos poderes. Para determinar o grau de aperto do atilho com que ficam seguros. Não estou pelos ajustes!

Menos um actor


Leituras recomendadas: 1.Pinochet, mucho peor que un simple dictador: el primer gobernante que puso en práctica el neoliberalismo
2.Augusto Pinochet: epitafio para un tirano
Só porque é importante que se não esqueça o 11 de Setembro, o outro, e tudo o resto que veio depois.

O novo ópio

A primeira Dama é de centro esquerda diz ela e a Visão reproduz em primeira página. O que quererá isto dizer num tempo em que se diz que já não há esquerda nem direita? Quer mais ou menos dizer que se estará por aí, como o outro que por aí também anda, nalgum sítio indefinido em que se tem solidariedade (outro termo que perdeu o significado) com uns e se apoiam os que os geram. Mas estas coisas escritas em primeiras páginas têm sempre um efeito calmante. Agora que a religião já não é o que era, cabe à imprensa ser o ópio do Povo.
À noite, o Professor lembra que isto de primeiras damas teve origem na tradição monárquica e foi sendo recuperado, depois de um interregno, pela II República. Com o devido respeito, acho que a origem será distinta. A culpa é das monarquias europeias que despertaram o gosto nos Americanos, que sem reis, precisavam da figura feminina para os fazer sonhar com Rainhas de Inglaterra e Princesas do Povo. Manuela Eanes e sucessoras foram apenas inspirar-se nas Primeiras Damas do lado de lá para criarem a moda entre nós. Sempre o País fácil! Já temos, como eles, Museu da Presidência. Muito tempo não faltará, até termos o das Primeiras Damas, com exposição de serviços de porcelana e vestidos de noite, como lá. Achava graça a que a Sra Hillary ganhasse as eleições, só para ver a posição do Clinton entre as velhas damas do museu de Washington... Castigo duro para os seus devaneios!

sábado, dezembro 09, 2006

Cidadão voluntário?

Nesta ânsia de liquidação do Estado, será que se não corre o risco de se perder a noção de pátria tão necessária para levar as gentes ao sacrifício, por exemplo da ida para as guerras, ou de apertar o cinto para salvar a dita? Se nos sentirmos, cada vez mais isolados, que sentido tem, então, a entrega a causas comuns, como essa da pátria? De repente, imagino que o fim do serviço militar obrigatório, substituído pela geração de corpos de mercenários, poderá fazer algum sentido. Com efeito, com uma pancada, matam, dois coelhos: os tipos que ficam armados dependem da sua actividade para viverem e devem o seu sustento a quem os domina, são dóceis e submissos; por outro lado, ficam literalmente desarmados aqueles que poderiam virar a arma no sentido certo, logo os poderes ficam, afinal, mais seguros. Ainda melhor, fica contente a multidão por lhe ser tirado algo desagradável em nome da facilidade. Duvido é que criem a categoria de cidadão voluntário, porque, na verdade, são eles que necessitam muito mais do Estado, dos cidadãos, e não tanto estes que precisam do Estado, isto é, do poder dominante.
Veio isto mais ou menos a propósito enquanto lia a Formação da Mentalidade Submissa de VIcente Romano.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Explicação simples

Já não estranho que me digam, e que ganhas com isso?, desde que dedico mais algumas horas à organização de um processo. Está entranhado na estrutura submissa das gentes que o trabalho quase deve ser um elemento negativo, algo em que desperdiçam pelo menos um terço das suas vidas. Daí a necessidade de obterem contrapartidas óbvias para o esforço. Isto advém de estarmos geralmente envolvidos em processos que não influímos e que nos devoram. Mas quando, por circunstâncias da sorte, passamos a realizar algo em que nos sentimos actuantes e temos consciência de que a transformação decorre também de nós, encontramos a disponibilidade para agir sem nos limitarmos a reagir pedindo mais para o que querem que façamos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Factores de acção (diferente de facturação)

Até é possível que os determinantes fundamentais das acções individuais sejam o dinheiro, as honrarias e o sexo. Pode também ser um conceito redutor e muito o resultado de auto-projecção de quem o descreve dessa forma. Só tenho a certeza de que pode haver excepções e que coisas simples como a oferta de uma cestinha de cerejas, certamente, não é um acto motivado por esses motores. Também o não é, o prazer de mudar para que, por exemplo, a ida a uma consulta de um hospital não junte ao mal estar da doença, o desconforto de um espaço escuro e velho. Ainda há outros prazeres que nos motivam e nos deixam menos deprimidos e tensos. De outra forma, como a apresentam, a vida seria uma enorme chatice. Alguns sorrisos são bem mais motivadores. Ainda há espaço nas acções para além das facturas.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

No fim de semana e princípio de uma nova

De raspão ouvi um ministro dizer o que me agradou ouvir. Só que não tive a certeza de que o disse. Será que o Prof Correia de Campos, percebeu que é preciso profissionalizar o atendimento d eurgência e decidiu que deixe de vez de ser assegurado por amadores, isto é, especialistas sem conhecimentos de doentes de clínica geral?

Bonito foi Chavez! Em Democracia com D, ganha-se depois de se ter ganho, não se alterna. Faz-se o que se prometeu e amplia-se a vantagem, porque se não engana o povo. Por isso foi bonito todo aquele mar de vermelho que as nossas televisões não apanharam. Imagine-se o que teria sido notícia a alternância! Realmente, não é notícia dizer que o povo confirma o poder, sobretudo para os que vivem do alterne.

Acabei o Peter Singer e retirando a ideia da libertação animal (que me perdoe mas deixa-la-ei para depois da libertação dos humanos, que nisto de obras há que definir prioridades)foi um tempo de boa companhia este que passei com ele. Afinal, há mais gente por aí a fazer-nos companhia, a «empurrar o amendoim». Os livros podem ser apenas isto também, algo que nos retira da solidão em que nos podemos sentir às vezes. Afinal, não estamos sós e, se calhar, o Cília tinha razão, somos milhões e milhões na terra inteira.

Também não foi mau saber que o salário mínimo vai aumentar de modo seguro nos próximos anos.

Já hoje, as notícias não são tão boas. Ter um património de 1700€ cola-nos no mundo dos ricos. Dois por cento têm 50% da riqueza do mundo e cinquenta por cento têm apenas 1% do total. Há muito «amendoim a empurrar»!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Surpresa quase

Há algum renascer já quase inesperado, um voltar lento até cá. Ri e fala ao telefone, tudo uma semana depois de uma sonolência inquietante. Anda assim a vida, em altos e baixos.