sexta-feira, agosto 25, 2006

Um material fundamental, as pessoas

Serão práticas correntes em gestão, mas faz-me alguma confusão ter de comprar tudo de novo para um serviço que se vai abrir. Já tudo funcionava com outros mnateriais... Várias reuniões e nada mais se discute do que aquisições de material, não aparecendo sequer haver reservas quanto a gastos. Parece que tudo só depende do material, como se as coisas funcionassem sem pessoas. Desde o princípio que me preocupo mais com as pessoas do que com tudo o resto, mas sinto que sou formiga isolada no carreiro. Ora o que se quer fazer vai mexer drasticamente com a estrutura, o modo de funcionarem as pessoas. Só com elas pode funcionar e parece-me urgente a sua adesão, tanto mais que basta bom senso para aderir. Só que, muitas vezes, o bom-senso é ultrapassado por outras emoções e é fundamental afastar os medos e fazer compreender aquilo que, à primeira vista, até pela falta de hábito, pode não parece desejável.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Cartazes e desporto

A propósito de um «protesto» a um dos meus protestos recentes, deixo aqui a definição de Desporto de acordo com a Wikipedia:
Um desporto é uma atividade física geralmente sujeita a determinados regulamentos. Para ser desporto tem que haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por um confederação regente e competitividade entre opostos. Algumas modalidades esportivas se praticam mediante veículos ou outras máquinas que não requerem realizar esforço, em cujo caso é mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico. Idealmente o esporte diverte e entretém, e constitui uma forma metódica e intensa de um jogo que tende à perfeição e à coordenação do esforço muscular tendo em vista uma melhoria física e espiritual do ser humano. As modalidades desportivas podem ser coletivas, duplas ou individuais, mas sempre com um adversário.
Também podemos definir desporto como um fenômeno sócio-cultural, que envolve a prática voluntária de atividade predominantemente física competitiva com finalidade recreativa ou profissional, ou predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento e/ou aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e espectadores. Além de ser uma forma de criar uma identidade desportiva para um inclusão social.
A atividade desportiva pode ser aplicada ainda na promoção da saúde em âmbito educacional, pela aplicação de conhecimento especializado em complementação a interesses voluntários de uma comunidade não especializada.

Fica claro, que o objectivo do desporto deve ser a promoção da saúde, a melhoria das mentes em corpos sãos e, em nenhum lugar, compete ao desporto a promoção do que quer que seja. Embora o desporto possa ter uma componente de competição, será abusivo confundir as duas realidades. A competição em si não é desporto, obviamente. A competição serve os desportistas de bancada e muito mais quem em nome deles, usando despudoradamente o termo desporto, usa a competição para alienar as massas, vende os valores e prospera à custa dos artistas, que, submetidos a ritmos desumanos de trabalho acabam frequentemente nas malhas da batota da dopagem ou com doenças graves induzidas pela prática de modalidades que pretensamente lhes deveriam beneficiar a saúde. Segundo a prática mais corrente, hoje em dia, parece até que a competição é a negação do desporto.
Por isso, ir de Cascais ao Guincho de bicicleta parece-me ser desporto. Andar na torreira do Alentejo às 3 da tarde é outra coisa.

terça-feira, agosto 22, 2006

A obra do Império


Curiosos estes testemunhos de um país «libertado» em nome da liberdade.
Macissamente destruído por armas que para lá levaram (as outras ainda ninguém as encontrou), este é o estado a que chegou. Neste caminho ao contrário do que a história precisa, não é de estranhar que o «terrorismo» avance. Penso eu que escrevo no conforto do ar condicionado, na vizinhança de supermercados cheios de comida, onde me posso deslocar sem carências de combustível e a preços, ainda assim, razoáveis. E se me tirassem toda a esperança, me humilhassem diariamente, como reagiria? Estaria aterrorizado, seguramente e a pensar se terror com terror se paga?
A imagem é do Líbano actual. Pode apreciar-se melhor esta obra na Verdadeira Face do Terrorismo.

domingo, agosto 20, 2006

Novas descobertas

Não sei ao certo o que significa o discurso do Ministro Luís Amado ao querer uma papel maior da Europa na relação com os países árabes. Mas começa a ser tempo do fim do medo e, já o velhinho Soares, dizia, sem tibiezas, que a negociação era necessária. Não faz sentido sermos livres numa liberdade que nos não permite viajar ao lado de outros, não faz sentido condenar-mo-nos ao medo permanente, não faz sentido desistir da vida, nós que não acreditamos, com a facilidade dos idiotas, na ideia maniqueista dos bons e dos maus. O mundo é demasiado complexo, para podermos dividi-lo de uma forma tão simples. Temos que redescobrir a forma de o habitarmos, mesmo que isso implique deitarmos borda fora alguns idiotas que ainda nos dominam.
A segurança que nos falta (aos bons e aos maus) é outra: a segurança do emprego, do ensino, da saúde. É essa que se preparam para nos roubar, os que tanto falam da nossa segurança face aos maus. Essa a cultura que temos de espalhar por todo o mundo, novamente à espera da redescoberta. Depois, os maus vão desaparecer naturalmente.

sábado, agosto 19, 2006

Como no deserto australiano


Parece bem mais sereno e no silêncio entrecortado pelo sorriso adequado, não vejo qualquer esgar. E o sorriso induzido pela visão da neta não é acaso, com certeza. Os olhos vão seguindo aqui e ali e, por instantes, pareceu-me ouvir que, os figos são bem bons. Há momentos em que olho, com mais leveza, as nuvens brancas no fundo azul nas três dimensões do céu do deserto da Austrália.

sexta-feira, agosto 18, 2006

O centenário e o ditador

Já se começava a adivinhar no sábado passado no Expresso com as referências do Professor Marcelo ao seu colega. Durante a semana, continuou com o anúncio exaustivo da presença da filha do colega, na entervista com Judite de Sousa. O resto foi o que se viu, um magnífico pai de família, com as suas convicções certamente, um inultrapassável professor, um ser dotado de uma inteligência completamente fora do comum, só que com as suas convicções. Mas mais, cercado por uns maus, os ultras. Ele até mudou o nome das coisas e falou em família, ele era um anjo a quem prenderam as asas. Ele manteve Portugal com gente descalça, com analfabetismo, com uma mortalidade infantil e níveis de saúde miseráveis, com uma oligarquia dominante que fugiu com ele para Brasil em Abril de 74, com uma guerra colonial de opressão sobre outros povos, com presos políticos que lutavam por devolver a dignidade a um povo inteiro. Ele suportou com toda a sua inteligência um regime fora de tempo. Mas, terei ouvido mal, nem uma vez nesta semana do branqueamento a propósito do centenário foi chamado de ditador.
Na mesma Imprensa que alguns insistem em chamar livre, ditador é o outro, o que acabou com o prostíbulo americano que era a Ilha, que pôs fim ao analfabetismo dos cubanos e lhes deu saúde de forma universal, o que devolveu a dignidade a um povo que deixou para trás a miséria e continua a resistir apesar de selvaticamente bloqueado na sua Ilha. Ditador por ter presos políticos que desejariam impedir a libertação de um povo?
Parece que o branqueado achava que o sistema de partidos não era condição necessária para a democracia, que os partidos eram formas de impedir o bem-fazer dos dirigentes ao seu Povo, por se envolverem em lutas entre si com desejo de conquista de poder usando argumentos falsos e enganosos, como deixou escapar a sua filha. O homem até não pensaria sempre mal, mas na análise era pouco esclarecido. Por isso a sua ditadura foi estagnante e indigna, sem margem para perdão. Já na Ilha, o progresso social mostra como podem existir «ditaduras» libertadoras.

terça-feira, agosto 15, 2006

Protestos

Protesto 1

Israel acaba de ter uma derrota histórica. Fez uma guerra porque lhe raptaram dois soldados. Não parece ter conseguido o resgate. Números do Público de hoje: Israel perdeu 110 militares, conseguiu mais 300 feridos além de mais 41 mortos civis e 600 feridos. Em troca mataram 1109 libaneses e feriram 3697. Mas, convém lembrar que fizeram a guerra porque lhes tinham raptado 2 (dois) militares. Ineficácia em larga escala, chacina selvagem. Estúpidos ainda não perceberam que não é possível suprimir um povo: Hitler não o conseguiu e, também eles, não irão nunca conseguir.

Protesto 2

Em Roma, bárbaros deliravam com o lançamento de escravos às feras. Nos tempos modernos, queques e quecas sensíveis insurgem-se contra as lides de touros, negando a beleza das imagens. No mínimo, as touradas ainda têm isso. Pelo contrário, neste pesadelo do ciclismo, nem a estética me seduz. É absolutamente bárbaro, porem-se homens convertidos em cartazes publicitários ambulantes, a pedalar debaixo de 40ºC, bem na hora de máximo calor, não em nome de qualquer desporto (isso far-se-ia às seis da manhã, pela fresca), mas convertidos em meros objectos para gáudio e proveito de variados interesses comerciais.
E o povoléu assiste, contente, É de borla! Enganam-se!

segunda-feira, agosto 14, 2006

É possível um mundo melhor!

Do lado de lá, deitados, haverá sempre algum desconforto da incerteza dos dias seguintes. Percebe-se também nas pequenas coisas que os estatutos de vida são muitas vezes demasiado efémeros. Julgo que a única coisa que se deseja será imaginar que não haverá muita gente a pensar, pode ser que não voltes. Quando se fez uma vida a criar bem para a maioria (que não nos iludamos, isso implica criar prejuízo sempre a alguns) haverá ao menos a certeza que muitos desejam que se volte.
Fazer anos nestas circunstâncias torna-se ainda mais significativo, sobretudo quando são 80. Muitos na Florida, depois da festa anunciada estarão agora algo embushados. Para eles,em especial, as palavras e um autógrafo:
A mis compañeros de lucha, eterna gloria por resistir y vencer al imperio, demostrando que un mundo mejor es posible.
Hoy, 13 de agosto, me siento muy feliz.
A todos los que desearon mi salud, les prometo que lucharé por ella.

domingo, agosto 13, 2006

O valor das felicidades

Houve na Grécia antiga filósofos e atletas, certamente celebrados distintamente pelos gregos de então. Ambos terão contribuído para alguma felicidade dos seus contemporâneos. O atletismo e a filosofia continuam hoje a ser actividades praticadas. Por que sabemos quem foram os filósofos e esquecemos o nome dos homens das proezas atléticas?
A literatura, a música, a pintura permitem-nos uma compreensão, uma reflexão sobre o mundo e, por isso, de alguma forma, são-nos úteis para a nossa forma de estar, melhorando a nossa sensação de felicidade pelo que nelas aprendemos a interagir com o que nos rodeia. A felicidade que nos dá uma vitória desportiva é imediata e não persiste no tempo. Pouco se aprende com o golo do Nuno Gomes, de calcanhar, a baralhar a defesa adversária. É lindo, manifesta inteligência, reflexos, mas acaba naquele instante. Por muito orgástico, catártico que seja não nos melhora a relação com os outros, não nos ajuda a compreender aqueles com quem lidamos, não nos ajuda a ser mais eficazes nos sentimentos da vida.
Mas as reflexões sobre o amor e o poder, sob a forma de tragédia ou de comédia, de alguma forma armam-nos para a vida. Essa a razão de Mozart persistir mais que Zatopek, da eternidade de Picasso e da efemeridade de todos os morangos por muito açúcar que lhes ponham. No momento, a dose de felicidade causada até pode ser a favor dos fenómenos mais instantâneos. Mas com o tempo, só os outros vão continuar, geração após geração, a ser fonte de felicidade.
A sociedade do imediatismo pode meter tudo no mesmo saco. Se o parâmetro de avaliação for o rendimento imediato dos fenómenos, até podem ganhar os reality shows de todos os dias. Mas o mundo não acaba hoje, há mais tempos além do instante e, por isso, as lebres se cansam e as tartarugas continuarão a vencer.
Na verdade, o que mais importa nem é tanto o valor das felicidades que se possam ter, mas muito mais a felicidade que os valores nos dão.

De pé!

Parabéns, comandante!

Granma:
En porte firme como el caguairán

Un amigo cuenta que hace apenas unas horas, al visitar al Comandante a fin de despachar brevemente ciertos asuntos, fue testigo de una buena noticia que entusiasmado resumió en una frase: "El caguairán se levantó".

Dice que pudo apreciar cómo el Jefe de la Revolución, tras recibir un poco de fisioterapia, daba pasos en la habitación y luego, sentado en un sillón, conversó animadamente.

Como al árbol emblemático de la naturaleza cubana, enhiesto, con su madera fuerte, resistente e ideal para fabricar obras duraderas, nuestro amigo vio al Comandante, alentado y en pie, como quien anticipa nuevas victorias y en porte firme como el caguairán.

sábado, agosto 12, 2006

Um dia... tem de ser mais cedo!

Acostumados aos fogos, aos mortos diários no Líbano, que quase já não contamos os do Iraque, aos medos das explosões dos aviões, seguimos. Cada vez há mais um estar acostumado a não viver, tal é a chegada das sempre mesmas notícias dos roubos, das guerras, das catástrofes naturais e das artificiais também. Aos poucos fica-se contente com a sobrevivência, com o ter-se escapado (da vida?). Dão-se graças a Deus por se estar vivo, sem que se entenda muito bem a utilidade da coisa. O grau de exigência com a vida vai-se reduzindo, fica-se dócil com a ideia do escapar do desastre, com a reacção possível, sem a acção necessária. Tudo isto é feito em nome de um Deus maior, um sentido de evolução com rumo não precisado, para um fim de história a que, querem convencer-nos, já chegámos, levados na vereda de sentido único do liberalismo, cegos de procurar outros carreiros. Mas lá que os há, há. Ou nada disto teria sentido. No limite, é esta esperança que nos move e mantém, mas a acção é necessária, muito rapidamente. Percebo, que nesta coisa, também´deve haver um ponto de espiral descendente e irreversível, de onde já não é possível fugir-se. A angústia é a não percepção dessa realidade, a tolerância com facínoras embushados nas decisões do Império, com fascistas sionistas, com as terceiras vias decadentes do blairismo, com a paralisia continental da Europa adormecida pela canção do bandido americano.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Fogos

O país está a arder como é costume nesta altura. No entanto, algo está mudado. Este ano os fogos, para variar, lavram menos e adquiriram uma nova propriedade, são circulares. Daí ouvir tantas vezes que o fogo ficou (ou não) circunscrito. Sempre que ouço, imagino fogos redondos. Acho gira a expressão, porque até agora sempre os tinha imaginado como uma frente recta a avançar tocada pelo vento.
Até nos fogos me inquietam as diferenças. Morreu uma bombeira em combate e tem direito a visita de Ministro e Secretário e a família a apoio psicológico. Não que não seja desejável, mas penso que o desemprego dos psicólogis ficava resolvido se no Líbano houvesse o mesmo apoio de cada vez que alguém morre debaixo do fogo... E os ministros não chegariam para as encomendas.
Bom é nascer no sítio certo, podendo ser sempre alguns mais certos do que outros.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Colagens

First they came for the Communists,
and I didn’t speak up,
because I wasn’t a Communist.
Then they came for the Jews,
and I didn’t speak up,
because I wasn’t a Jew.
Then they came for the Catholics,
and I didn’t speak up,
because I was a Protestant.
Then they came for me,
and by that time there was no one
left to speak up for me.


by Rev. Martin Niemoller, 1945

Não são conteúdos fabricados, mas estão públicados na Fábrica de Conteúdos:

Um balanço oficial hoje divulgado revela que pelo menos 1.087 pessoas morreram e 3.568 ficaram feridas nos bombardeamentos israelitas no Líbano desde o início, há 29 dias, da ofensiva de Israel contra o grupo xiita libanês Hezbollah.

Desde o início da ofensiva a 12 de Julho, pelo menos 990 civis, dos quais cerca de 30% eram crianças com menos de 12 anos, morreram, bem como 30 militares e polícias libaneses, indicou a Comissão de Emergências do Governo libanês.

Entretanto, o Hezbollah anunciou a morte de 54 combatentes e o movimento aliado xiita Amal a de sete dos seus militantes. Também a FPLP-CG de Ahmad Jibril anunciou a morte de um combatente deste grupo palestiniano pró-sírio.

Como avança o site da RTP, durante o conflito também morreram quatro observadores da ONU e um membro da Força interina das Nações Unidas (Finul).

Toda a história está contada por António Vilarigues, recentemente no Público com o título «Cães de guerra ou a importância de se chamar Israel» O extracto gratuito fica aqui: O estado de Israel tem sido advogado de acusação, de defesa, juiz e carrasco de extremistas e de activistas palestinos. E nunca falha! Israel diz que é terrorista e está dito! O artigo na íntegra é de leitura obrigatória.

Esquizofrenia nacional

Têm sido tempos de enriquecimento estes últimos. Tenho vindo a perceber melhor a causa de algumas coisas. No contacto com as pessoas que têm dirigido o hospital, verifico que é constante a noção de isolamento em que estão, voltados para dentro do seu mundo, não entendendo minimamente que estão integrados numa estrutura, muito menos numa empresa. É quase uma esquizofrenia. Querem definir tudo a partir do seu mundo, como as crianças mal educadas que se acham com direito a tudo. Insatisfeitos, pedem o mundo todo. Como eu, que pedi o mar quando me deram um barco pelo Natal. Exemplificando, funcionam assim: que espaço preciso para atendimento nas consultas? Tenho x médicos, mais y internos, logo preciso de x+y gabinetes alguns dias por semana. Como se a consulta servisse paa alojar os médicos do serviço e não para atender os doentes... Vai ser complicado, faze-los entender que têm x consultas a fazer e que para isso precisam de y horas nas quais vão empregar alguns dos seus médicos a trabalhar y horas e que o número de médicos não entra na equação.
Se calhar todo o país funciona assim, esquizofrenicamente a contemplar o umbigo. Ou não funciona...

segunda-feira, agosto 07, 2006

Os novos dos restelos

É desporto nacional a nostalgia do falhanço dos outros. É uma projecção das auto-insuficiências com que há que lidar, pacientemente e de uma forma, tanto quanto possível, pedagógica. Uns dias depois do êxito consumado, logo aparecerão a colher a «sua» quota parte da vitória. Entretanto, a caravana passou na direcção que se queria e isso é tudo o que importa.
Mas fica na memóriaa imagem da nervosa esperança ameaçadora que afirma, hoje correu menos mal, mas amanhã... Ou da insuperável ileteracía informática, fazem estes quadros bonitinhos (no Excel) e pensam que sabem alguma coisa da realidade...

sexta-feira, agosto 04, 2006

Misérias

Pior do que a miséria da falta de recursos, é esta de estarem atolhados nela e, de tal forma agarrados, que parece não quererem sair. Abdicaram da esperança tolhidos pelo hábito. Ou haverá algum sentimento de culpa que os paralisa?
Impressiona-me ver como criticam com firmeza toda e qualquer solução, sem apresentarem na verdade qualquer real alternativa. Basta-lhes ser parte do problema, não desejam fazer nunca parte da solução. Recusam as dores do parto, chegando-lhes o estado de aborto. Parece não quererem viver. Definitivamente.
Os hospitais para eles são o sítio de passagem, nunca um sítio de estar. Basta-lhes a indignidade de «viverem na merda» sem a coragem de dela saírem. Toda a mudança lhes estimula as resistências.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Semiótica (arte dos sinais e sintomas)

Veio sorridente nos seus 71 anos, bem diferente de há uns tempos atrás, quando o vi pela primeira vez. Mais cheinho como diz a «sua Maria» e enérgico me pareceu. Lá vimos a tensão arterial, conversámos, confirmámos os resultados das análises a afirmarem o equilíbrio. Feitas as prescrições e as despedidas, a «sua Maria» foi saindo, mas ele voltou atrás já com ela fora do consultório e foi aí que me atirou: «Oh sotor e pró sexo, isto já abalou?» Há perguntas que confirmam, bem melhor que os resultados das análises, o bem-estar do doente. Tem razão, veremos a próstata e vamos ver se o abalado, retorna.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Gerir não é fechar a porta

O Estado gasta diariamente 20 milhões de euros em saúde. Na mesma notícia da TVI dão-se exemplos de gastos:
Exemplos dos gastos na saúde são um parto normal que custa em media 925 euros e as análises de rotina de um diabético que custam em media cerca de 172 euros.
E eu não percebo muito bem qual é a ideia. Será que para se reduzirem os gastos as grávidas devem deixar de parir, deverão pagar os partos ou irão ter os filhos em casa sozinhas? Afinal, um parto em África deve ficar mais barato... Quanto aos diabéticos deverão eles deixar de fazer análises?
Mais dúvidas, o custo de um parto e das análises dos diabéticos serão menores em sistemas privados de saúde? Porquê, se estes não podem prescindir do lucro (custo final = custo real+lucro), o qual não é necessário no sistema público e, logo, custo final= custo real? Portanto custo no público, necessariamente mais baixo que no privado. Mas dizem-me que não é. Há desperdício. Muito bem, então a via é o combate ao desperdício, gestão eficaz e rigorosa do público. Isso passa por profissionalização do sector público da saúde, privilegiando uma real dedicação exclusiva a quem nele trabalha, separando de vez e tornando concorrentes sector público e privado, acabar com esquemas de trabalho em part-time, despedir directores de serviço que não dirigem, pôr fim a relações estreitas entre indústria farmacêutica e médicos susceptíveis de aumentarem artificialmente os custos dos medicamentos por aumentarem as suas vendas. Isto seria racionalizar os custos, combater o desperdício.
Transferir os custos para os doentes, diminuindo a despesa do Estado não parece ser resolução. Mandava a decência que se reduzisse o que hoje se paga em Impostos ao Estado (e é aplicado em despesas de saúde) para os doentes para que pudessem pagar do seu bolso a factura da saúde. Então, que ganhariam as contas do Estado com a mudança? Para além do que o recurso à procura de cuidados de saúde não é um luxo nem um capricho do consumidor (doente). É antes, um azar seu, que justifica que numa sociedade solidária paguem os sãos os custos da doença dos doentes. E não é igual que sejam companhias de seguros a assegurar o sistema. Far-se-ia um seguro obrigatório? O seguro automóvel dito obrigatório não o é para muitos automobilistas e não tem grande importância. Se não existe, de alguma forma se pagarão as despesas da chapa batida. Mas o que aconteceria quando um doente não tivesse seguro de saúde? Deixa-se à porta do sistema de assistência para que as seguradoras e bancos associados possam continuar a acumular os lucros pornográficos que vemos publicados? Assim acontece no Império inspirador destes conceitos modernaços. Mas será isso que queremos?

terça-feira, agosto 01, 2006

Instante

Imagem na tarde em que me faltaram os tinteiros e tive de ir ao Colombo: A rigor vestidos de negligé soft comprado nas lojas espanholas com nomes italianos passeiam-se, de férias, pelos corredores do shopping.