segunda-feira, janeiro 31, 2005

Chocados

Choque de impostos e de impostores, choque tecnológico, choque de gestão (ou indigestão) choque de valores (serão os da Bolsa?). Vamos andando de choque em choque, nesta feira popular de carrinhos sempre a abalroar os outros.
Noutros locais os choques são outros e, felizmente, a afluência às urnas (às outras) foi bem menor do que seria previsível. Ainda bem. Quanto a resultados, logo nos dirão, aqueles que queriam ter os resultados, que observadorse independentes parece não haver por falta de segurança. Alguns dados pouco audíveis aqui ficam para mais tarde recordar e confrontar com o sorriso do Império. Para já os votos iraquianos aumentam os ganhos dos investidores na Bolsa. Sempre, os valores!

domingo, janeiro 30, 2005

Agradecimento

Uma nota de gratidão aos doentes que permitem que este seja o investimento melhor que os endocrinologistas fazem. Gastando 30€ por ano em quotas, têm direito a 3 noites de alojamento em hotel de quatro estrelas e refeições integralmente pagas. Ao menos que haja a consciência de que não há almoços grátis e de que alguém paga a aquisição cultural destes dias. Uma vez mais, são os mesmos.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

O grande jogo


 Posted by Hello
Por cá estamos assim a menos de um mês. Com ameaças e tudo, que nisto de sondagens quando não são favor, são falsas.
Como vai ser no Iraque? Que tal terá corrido a campanha para as eleições de domingo? Que terão dito as sondagens? Será que vai haver uma grande corrida às urnas? Nunca este termo foi tão ambíguo...

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Procurar

Encontrar uma solução para nós nem é difícil. Complicado mesmo é encontrar a solução global, que sirva a todos, pelo menos, tão bem como a nós.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Frio e quente

Estou a ficar cansado de procurar. Prometeram-me no princípio da semana uma vaga de frio. Todos os dias saio para a rua cheio de frio, com a ideia de vai ser hoje, mas rapidamente, o sol desilude mais um dia de frio polar.
São assim as vagas de frio neste país pequenino. Temos vagas a condizer. E um frio morninho, afinal.
Para aquecer ainda mais houve hoje um grande jogo de futebol, que, ainda por cima, acabou da melhor maneira.

terça-feira, janeiro 25, 2005

E se for mesmo assim?

Cada um fará como entender, mas talvez seja mais prudente obrigarmos alguns a fazer aquilo que parece ser mais prudente. Ou parece que daqui a 10 anos poderá já ser tarde demais...

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Mundo cão


 Posted by Hello
Andava eu a passeá-lo neste patusco traje, quando ouvi do lado de lá da árvore: Olha o bobi, oh senhor, tem mais que um fato desses lá por casa? Está um frio do ... Achei curiosa a expressão, mais do que um, revelador do respeito pelo agasalho do bicho e de submissão ao admitir, que só aspirava a um, caso por lá houvesse um outro. Tacitamente, aceitava ser segundo, depois do cão.
Há coisas que me arrepiam mais do que o frio que anda aí.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Breve instante na manhã

Aconteceu que ao chegar esta manhã ao carro, dei com aquela visão sempre tranquilizadora, sobretudo aquela hora em que já estamos a sair um pouco tarde, de um outro carro atravessado mesmo em frente, bloqueando-me a saída. Antes de abrir a porta, já me soava o apito pífio do jeep, quando vejo sair de dentro do atravessado uma jovem criatura, igualmente apressada,a quem gesticulei o meu desejo de saída. Foi então que, espantado ouvi meio incrédulo, vou só ali, é só um bocadinho, preparando-se para me deixar ali à espera. Devem ter-me saído faíscas pelos olhos, o recuo contrariado foi imediato. Eu, eu, eu e o mundo todo que espere e me contemple. Há qualquer coisa que não está a funcionar, lá isso há.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Think global!

OMS:
Realmente importante são estes objectivos:
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome
2. Garantir a escola primária a todos
3. Promover a igualdade entre indivíduos dos dois sexos
4. Reduzir a mortalidade infantil
5. Melhorar a saúde materna
6. Combater a infecção VIH e a sida e outras doenças
7. Garantir o desenvolvimento sustentável cuidando do ambiente
8. Desenvolver parcerias globais para o desenvolvimento

Alguns vão a caminho e apesar dos latidos, a caravana avança.

Outros pedem maiorias absolutas e eu ainda não percebi para quê. Realmente, se querem dialogar e chegar a consensos com a esquerda, muito mais do que uma maioria absoluta o PS, o que deviam fazer era divulgar o seu programa, mostrar claramente as diferenças relativamente à direita e aceitar o apoio que a esquerda certamente lhes não negará. Muito mais do que uma maioria absoluta, o que precisamos, absolutamente, é da esquerda na maioria, de um governo de política alternativa. Essa é a melhor forma de podermos controlar algumas tentações de poder, que prenunciam traição.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Sábios

Está agora em grande moda, virem os sábios, debitar a sua ciência sobre os pobres que somos. Eles caracterizam-se por fazerem os mais brilhantes diagnósticos. Como professores de Faculdade, ensinam, em alternativa à mais que evidente incapacidade de tratarem os doentes. Ainda bem, se os pusessem a assisti-los nos Serviços de Urgência mais rápido que os doentes, eles morreriam. Alguns já nem ensinam, passaram exclusivamente ao lugar de gestores. A um mês de eleições, pintam-nos a realidade em que estamos e, lá do alto onde estão, afirmam que precisamos de pagar mais impostos e ganhar menos para nos salvarmos. Pedem, como sempre fazem, mais sacrifícios em nome de deuses obscuros. E nós, pobres mortais, não entendemos por que será que esta pregação, pregada ao longo de dezenas de anos, leva sempre ao mesmo tratamento: apertar o cinto! Não, não podemos perceber, não conseguimos entender o que tem sido feito, como se explica que tenhamos uns poucos ricos prósperos e uns muitos pobres cada vez mais longe deles. Esta é a obra da Democracia de Alterne em que viovemos. Do deserto das ideias dos SS (Sócrates e Santana e amigos)nada de bom se anuncia. Cada vez mais tenho a sensação que nada os diferencia, tudo os une menos uma realidade: tem empregos para boys diferentes, mas todos apenas isso, boys and girls. Andam a dar-nos a mesma miragem há anos demais, iludem-nos com o único objectivo de que continuemos a consumir para manter a casa aberta. Basta de alterne, é chegada a altura de alternativa. Ou será preciso emigrar?

A Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de ter nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.

Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço. És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não


Jorge de Sena

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Contrastes

Subitamente, um texto nos agita e ficamos, por instantes, longe, muito longe de toda a realidade mesquinha em que nos movemos. Hoje, já nem a falta das viagens é alibi. O conhecimento do mundo está na ponta dos nossos dedos, numa viagem que fazemos sentados frente a um qualquer monitor. Lemos, não podemos ignorar. Mas estamos bem na nossa inércia. Lamentamos e não agimos.
Depois ouvimos, o lamento da deslocalização das empresas. Sabemos que vão ser perdidos postos de trabalho. Só porque há quem, na aldeia global, trabalhe mais barato. E os revolucionários de hoje o que dizem? Basicamente, esquecem o internacionalismo, defendem o estado de coisas actual, defendem os votos que lhes dão o poder. O mundo está diferente. Com o mal dos outros podemos nós bem. Mas afinal eles são os explorados de hoje, os mais explorados, os que terão de se unir. E certamente vão faze-lo. Se necessário, contra nós próprios. Esta história está longe de acabar e vai muito para além dos anos que andamos por cá.

domingo, janeiro 16, 2005

Mundo cão

O desgraçado do Kaos arranjou fama de doente celíaco. Vai daí anda em jejum de glúten e está limitado a rações de arroz. O Byte come de tudo. Estranhamente, agora que têm, níveis separados de alimentos diferentes, ficam por vezes com ar ainda mais idiota do que têm habitualmente, a cobiçarem as comidas um do outro. Esta estranha necessidade de se querer aquilo a que se não tem acesso. Até nos cães. O que se quer é exactamente, não aquilo de que se gosta, mas aquilo que os outros têm. Os animais serão naturalmente desconfiados?
E terá sido por isso, que eram tão necessárias as calças de ganga aos miúdos do Leste da Europa? Se assim for, pode, pelo menos, explicar-se a razão por que satisfazer as necessidades (as que são mesmo necessárias) das pessoas não serve como programa político. É preciso, dar-lhes o que não têm, independentemente do que seja, porque isso é o que mais desejam. Haverá esta natureza consumista nos genes ou é uma tendência adquirida?

sábado, janeiro 15, 2005

5x2

Escolho os filmes que vejo, geralmente, através das críticas que leio. De um modo geral, as coisas até correm bem. Desta vez, não percebi ainda a razão, correu mal. Saí da sala sem a percepção exacta do que terá feito os críticos elogiar este filme de François Ozon. Não vi nada além de uma fitazinha burguesa sobre o meio em que o senhor se deve movimentar, uma visão depressiva sobre o casamento, com afloramentos de parelhas e de histórias que lhe devem fazer mais o gosto ou apenas «para não morrer parvo» como faz dizer um dos personagens. Ainda que queira referir-se a alguma realidade, que não à realidade sociológica, fá-lo de forma sem gosto. Sem história, porque se limita a acumular uma série de inverosimilhanças de que nada resulta. Chega a ser deprimente. Uma última relação sexual a seguir ao divórcio ou a traição na noite de núpcias. Por favor, é demais.
5x2 foi apenas isso, 10 euros atirados à rua. Podia ao menos ter ido à sessão das 11 e tal, com desconto.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

As difíceis comunicações no governo que nos queria e-governar

Ao princípio, se bem me lembro, era a febre do e-governo. A facilidade de comunicação das novas tecnologias. Ministros espalhados por todo o país a comunicar em banda larga. Afinal, espalharam-se, mas não se dispersaram. Não é e-governo, é um in-governo.
O Ministro de Estado foi a São Tomé ao petróleo e o Ministro dos petróleos nada sabia. Aliás, a missão era secreta (até tinha umas férias incluídas para disfarçar). Eles pensam em quase tudo. Depois, chega o Ministro e esclarece: tinha informado o Ministério, mas não o Ministro. Ou seja o Ministério tem um ministro que ministra pouco. Aliás, andava a fazer as malas e a tratar da papelada para ir à China. Quem sabia era o secretário, porque neste (des)governo, como na outra história, o interessado é o último a saber. Curiosamente, depois de informado, rejubila mansamente. Há pessoas assim, só que era melhor não estarem no governo. Afinal, já foi inventado há algum tempo, o telefone, o fax, o telemóvel e o e-mail. Mas estes ministro e secretários são de comunicação lenta.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

País triste

Passa-se qualquer coisa de muito anormal com estas pessoas que estão no Governo deste país. Um ministro vai em missão ao estrangeiro (incluindo um dia de banhos)e gasta mais de 10% da oferta que vai fazer na viagem.
Ainda não conseguiram entender que nesta terra nada se faz às escondidas. Portanto, têm estado desatentos. Falta-lhes, pelo menos, sentido de estar aqui.
O PM, no seu habitual estado de ser, a julgar que tem sentido de Estado, diz-se incomodado com o comportamento do tal ministro.
O ministro, incomodado com o incómodo do seu chefe, pede a demissão. Curioso este pedido de demissão num governo já demitido, mas adiante. O PM demitido, perante o pedido de demissão, reafirma-lhe a sua confiança e não o demite. Quer dizer passou-lhe o incómodo.
Ou seja, neste país, um ministro alegadamente avacalhado pela Imprensa, em vez de responder em conferência da dita, desmontando o insulto que lhe foi feito à honra, tem por primeira reacção, submeter-se à imagem que a Imprensa criou e quer demitir-se. Mais lógico seria perseguir o caluniador e pô-lo na ordem. Depois, que factos novos, terá tido o PM para lhe passar o incómodo? Certamente, o ministro lhe terá comunicado algo de bem interessante, que ficou em privado, sem que seja dado aos indígenas qualquer informação. Era isso que se esperava saber na tal conferência das 22.30h. Pois, se os factos não foram contraditados, não haveria motivo para desincómodo.
Finalmente, o que isto revela é a completa incapacidade de serem governo. Estranho é que um em cada 3 portugueses ainda admita ir votar nestes homens. Estes homens já mostraram à saciedade o que lhes dá prazer: agitação, mares encapelados, ondas alterosas, furacões, destruição constante. Está-lhes na natureza. Deitarem os foguetes e apanharem as canas. Por isso, ele quer ir contra ventos e marés. Mas basta de festa.

terça-feira, janeiro 11, 2005

País

Este país está deprimido, mais triste ainda do que o fado. Qualquer febre e pensam que estão à beira da morte. Nesta terra não há serviços de saúde. Só há serviços de urgência. Nada é electivo, tudo é urgente. Esperam-se horas e horas pelo veredicto de um serviço entupido. A depressão agrava-se ainda mais.
Este país está catastrófico. Eis senão quando no meio do tsunami, ele se ergue contra ondas e marés. Há leão! Deve ter-se inspirado no primeiro lugar do Sporting, um acesso brusco de energia e é vê-lo a atacar o problema. Contra ondas e marés. Ele, a causa, o terramoto. Inconsistente, como sempre.
Este país está desértico. Um deserto de ideias na cabeça da miragem. A esperança que queriam é uma miragem, muito menos ainda que um D Sebastião. Outro que quer crescer, gastar mais e poupar mais. Como todos. O homem fala de sonhos e quanto mais sonha, mais miragem surge.Inconsistente como é. Geração de plástico.
Quem deve estar a sofrer, quase a ter uma úlcera, é o Professor sem a possibilidade de comentar. Que histórias longas não faria! Como conseguirá tirar o Cavaco da fotografia dos candidatos? Aquela cabeça não pára...e ele é dos que se atira de cabeça. Lembram-se do mergulho no Tejo?

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Não tou pra isso, prontos!

Por amor de Deus, que Constituição mais antiquada esta que quer que o Governo preste contas dos seus actos ao Parlamento. Então não é muito mais giro, sei lá, dar uma conferência de imprensa e explicar tudo aqueles senhores que vão a correr dizer tudo ao País? É muito mais modernaço, aliás, aquele ambiente do Parlamento é horrível cheio de vossas excelências, uma maçadoria. Depois nem o chá deve estar bem feito naquele túmulo. E aquela gente toda a fazer de guarda-fato e gravatas, excluído o Louçã, mas até esse tem aquele ar sempre zangado. Búuuuuuuu, nada interessante este Parlamento. Não vou, prontos! Mais vale ir ao cabeleireiro, sei lá. Ou às compras, talvez é mandar lá alguém. É para isso que se é Ministro, né? Para mandar. Vá você!
Ainda vamos ter saudades desta Gente. Ainda por cima sem o Pôncio e a Margarida Rebelo Pinto, as coisas começam a ficar cinzentas, muito negras mesmo. Ah, ganda Santana, és o maior, sem dúvida o que fez mais... Estás dispensado de continuar, já chega. Esta malta não vai comprar a Nova Aventura dos Cinco ou dos Quatro e Meio que o Zé ia a fugir... Tem uma pessoa estes amigos tão giros e estes ingratos não querem continuar o espectáculo. Sem dúvida, este país não merece este Santana!

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Não fuja, Professor


 Posted by Hello
Ninguém me tira da ideia que este cartaz foi obra do Durão Barroso, inspirado noutros parecidos de quando ele andava na Faculdade. Começavam em Marx e acabavam em Mao-Tsé-Tung. Mas isso são tempos idos e o vermelho do fundo desbotou para laranja e surgiu esta nova Gente.
Estes são responsáveis por muitos anos de obra neste país. E é feio que alguém queira sair da obra feita. Devemos na vida assumir com coragem o que se fez, mesmo quando feito conjuntamente com outros companheiros. Em 30 anos, mais de 25, são da responsabilidade destes cinco. Aquilo a que chegámos é, por isso e grandemente, sua culpa. Realmente, já fizeram de mais neste país. É tempo de serem reformados em Fevereiro e depois. Por isso, não fujam do retrato porque foram quem levou isto aonde está. Assumam a obra e não voltem em Fevereiro nem depois. Não há saudades, e o D Sebastião pode ficar para lá do nevoeiro. Nós ficamos bem cá na República, mesmo sem os sons do fado.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Anti-depressão

Como a Informação sobre que escrevi ontem, também a Saúde é uma área sensível, onde a penetração dos interesses privados, o controlo absoluto pelos interesses das companhias privadas pode acarretar mal estar que pode sair caro.
Nestes tempos, toda a investigação é feita sob iniciativa das companhias farmacêuticas e quase sempre o controlo dos resultados pertence-lhes. Ao ponto de os investigadores garantirem às companhias a possibilidade de não publicação dos resultados que se encontram. É uma cláusula habitual dos contratos de ensaios clínicos. Assim, o problema do Prozac hoje noticiado é perfeitamente possível e normal. Mas nos tempos que correm, muito pior que a manipulação dos dados de investigação é o papel quase exclusivo que a indústria farmacêutica tem na formação pós-graduada dos médicos, através do patrocínio de participação em reuniões mais ou menos científicas, onde as comissões organizadoras vêem muitas vezes condicionadas as suas escolhas de temas pelos interesses do mercado das companhias farmacêuticas. O Estado (nós todos!) que nada investe na formação dos médicos vai acabar por pagar, por um preço bem maior, os custos de prescrição estimulados pelo marketing das empresas. Quem ganha? Os mesmo de sempre. Com efeito, com o objectivo permanente e a necessidade de satisfazer os seus accionistas, as empresas farmacêuticas têm actualmente grande parte do seu investimento feito no marketing e não tanto na investigação de novos e melhores medicamentos.
Há que inverter este processo, terminar com as relações de cumplicidade entre médicos e a indústria farmacêutica e substituí-las por uma relação de maior proximidade com os interesses dos doentes. Aos médicos compete terem uma atitude crítica perante a dita informação médica, que hoje nos é apresentada sem a possibilidade de contradição. Ao Estado compete investir neste sector vital, controlar os processos de fabricação do conhecimento, dar condições de independência e formação aos médicos assumindo os custos da formação pós-graduada. Para o bem de todos, com excepção de uns quantos, bem poucos.
Em resumo, há certos bens que ultrapassam a dimensão de mercadorias e não podem ser entregues, em exclusivo, à sagrada iniciativa privada. Antes pelo contrário...

A minha ideologia...

Pronto, fiquei a conhecer as minhas orientações políticas. Para que conste aqui ficam:
Activism is a moderate form of Moral Socialism.
Activism can be dedicated to many causes: animal rights, environment, civil rights, global poverty...
Activists come in all shapes and form but tend to share the same belief as Socialists regarding InterDependence. They tend to focus social causes that are farther to the left than the mainstream, therefore their position on the chart.
Also included in this category (although maybe with some variations) are:
Anti-Globalism
Greenism

Pelo menos foi o que obtive no teste aqui
Imaginava-me eu muito mais radical. Paciência! Ainda assim, a visita do site vale a pena para se ter uma ideia de que as ideologias ainda não acabaram, a fazer fé na enorme lista que lá está...

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Informação

Os conflitos de interesses deveriam vir assinalados nos cabeçalhos dos jornais e nos rodapés dos telejornais. Algumas revistas médicas já o fazem. Mais importante seria perceber-se que a informação como a saúde, deveriam estar afastadas do conceito de negócio. Há certos bem que não são comercializáveis, sob pena de uma deturpação profunda e de se acabar a comprar gato por lebre.
Este artigo do Le Monde Diplomatique é de leitura quase obrigatória para uma melhor compreensão do mundo e da informação que temos. Fica-me a ideia de que a informação e a formação da opinião não são atingíveis pela via da gratuitidade. Não há almoços grátis nem informação oferecida. Poderá ser mais ou menos cara e é preciso definir quem deve ser o pagador. No caso da informação, o acesso, embora seja um direito, é também uma opção e como tal parece-me razoável que a paguemos, pelo menos parcialmente. É melhor pagá-la e sabermos que o que se consome tem qualidade, do que ser-nos dada e estarmos a ser simplesmente manipulados. É bom que a informação nos agite e não que sirva para nos conformar. Compreende-se que as quotas sindicais não nos sejam pagas pelos patrões (se calhar até gostariam...). Da mesma forma, não nos interessa muito uma informação completamente dependente dos grupos económicos. Mais do que uma informação dita independente, precisamos ser leitores independentes e exigentes perante quem no-la dá. Mas para isso, deveremos ser donos dela, isto é, ter a sua propriedade.

A solução para o défice, finalmente

Quase de certeza os sites da Direcção Geral das Contribuições e Impostos vão rebentar com a afluência dos próximos dias... E o problema do défice vai ficar resolvido de uma vez por todas. São algumas boas notícias para os nossos próximos e ex-governantes, que, cansados, andam de férias lá pelas neves... sempre a deslizar, numa vertigem de gozos.
À chegada, a receita fiscal terá subido exponencialmente. Na verdade, os nossos contribuintes faltosos, os mais trabalhadores dos país, só não pagavam os impostos porque não tinham tempo para estarem nas filas das repartições. Agora, sim, vai ser um despacho. Ou será que são info-excluídos?
É destas decisões que o país precisa e ainda a revolução tecnológica vai no adro...

domingo, janeiro 02, 2005

Despreocupação

ecebi este mail, com informação retirada de uma reportagem da SIC Notícias, a que não assisti.
DF (omito o nome da entrevistada, quem sabe por assim ficar ainda melhor identificada) respondeu que já tinha as férias marcadas, que não tinha ficado nada preocupada com o que tinha acontecido, porque os pais, que lá estavam, tinham enviado uma msg a dizer que tinha havido "uns tsunamis e umas coisas", mas estavam bem.
Quando a jornalista lhe pergunta se estava triste com toda a situação DF respondeu "sim, claro, agora já não vou ter todas as condições de férias que iria ter se por acaso não tivesse acontecido nada disto. Por outro lado, estou contente, porque vejo as coisas mais ao natural, como elas são."

Fica-se com a impressão estranha de que qualquer coisa está a falhar na educação, não? Estaremos assim tão limitados na capacidade de reflexão, que nem conseguimos espreitar um pouco além da nossa pele. As nossas férias são o mais importante do mundo. Já se tinha percebido quando tanto se fala da Tailândia e tão menos dos outros locais onde o massacre foi bem maior. No fim de contas, uma dúzia de portugueses incontactáveis enchem telejornais e jornais como se de uma espécie rara se tratasse. E, na verdade, são uma dúzia entre quase 150000... Ao menos, a inteligência do turista inglês que afirma ir de férias para apoiar aqueles países nesta hora de tão grande crise.

sábado, janeiro 01, 2005

O fogo


... e o fogo Posted by Hello
Necessariamente de artifício. Estranhamente, dir-se-ia. Demasiadamente artificial. São duas as terras onde vivemos, são duas as espécies de homens que as habitam. Chocante este espectáculo do artifício, absolutamente inadiável dado o investimento. Certamente. Risos e espumante, sempre em movimento, sem tempo para uma, ainda que breve, reflexão. É possível rir e pular ao lado do cheiro do cadáver neste mundo globalizado. São duvidosos os momentos deste início de ano.