sexta-feira, dezembro 31, 2004

A luz


A luz... Posted by Hello
São frágeis e trémulas estas luzes, mas contêm a força da pureza de alguma esperança. Vão durar nas cabeças das mãos que as seguram. Mais logo, outros fogos saltarão, fortes, mas fugazes, sem este poder de iluminação. As pequenas luzes, por vezes, iluminam bem mais do que os grandes holofotes que nos cegam.

quinta-feira, dezembro 30, 2004

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Sorrisos pela vida


O sorriso angustiado, com as mãos cheias de nada, na espera da ajuda (imagem Reuters) Posted by Hello

Forças do mal

Como sempre acontece, quando o mar bate na rocha, são sempre os mesmos que se lixam. Agora bateu bem forte e lá estão os mesmos de sempre. Sempre as mesmas vítimas, independentemente da força do mal que gerou a desgraça. Desta vez, a força do mal foi natural. Natural não foi a outra força do mal, que sabendo que a onda vinha aí com uma hora de antecedência, esperou três horas para dar a notícia, para avisar os mexilhões. Aparentemente, em nome da defesa da imagem do turismo tailandês. Esta gente que sempre se governa com e pelas imagens... O resultado são milhares de mortos, um número sempre a crescer que hoje chega já aos 70000 e amanhã, talvez, aos 100000. Curiosamente, 100000, o número que a Lancet publicou sobre mortos na guerra do Iraque, inspirada por outra força do mal, os chefes do Império.
Se as forças do mal são naturais, aceitam-se. Menos aceitável é a tolerância com que se encaram as outras, as anti-naturais, que se movem por interesses pequenos e que são tanto ou mais perniciosas que as primeiras.
Que tal fazer como este grupo de cidadãos britânicos que escrevem ao PM Blair pedindo responsabilidades?

terça-feira, dezembro 28, 2004

Notas pós-natais

Tantos natais num mundo pequeno.

A culpa mais uma vez foi dos chineses. Encheram-nos o país de Pais Natais a trepar pelas paredes numa prova provada de que o Pai Natal não existe. Os muitos acabaram com o um. O Pai Natal tem de ser único. Se há muitos, deixa de existir. Os velhinhos ficam ali ao sol e à chuva sem conseguirem chegar à chaminé. Depois do paisito da bandeirinha, temos um país coca-colado.

O Natal foi frio e seco para desmentir os meteorologistas mais uma vez. Esteve igual e sem garra. Foi também uma contemplação de silêncios angustiantes. A fuga do humor ninguém sabe bem para onde. Uma onda gigante sobe e cai desamparada sobre tudo à volta, esmagando injustamente, reforçando a resignação. Todo o mundo pode deixar de ter sentido ao lado do silêncio. E dentro dele, como será?

Depois a fúria da Terra, a desmoronar-se no fundo dos mares. A contabilidade dos mortos sempre a aumentar. Debaixo da onda, na demonstração da impotência. Bizarramente, na altura em que se comemora o nascimento do Menino, ficamos a saber que outro menino foi arrancado dos braços da mãe. Não entendo estas fúrias dos deuses. Nós a celebrá-lo e logo acontece isto.

Só o grande Santana nos veio lembrar que é tempo de perdão, não deixando de afirmar o não perdão aqueles que fazem o que ele não faria. Se perdoasse não diria, não é?

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Oportunidade perdida

Não me interessa saber quanto custa publicar um suplemento de jornal para divulgar o que o Governo anda a fazer. Fazer publicidade aos actos que devem ser para melhorar a vida dos cidadãos, isso é que me preocupa. Será que são tão insensíveis que não sentem na prática as boas acções dos governos?
O que eu gostava hoje era de ter visto o candidato a substituto do actual governo vir a público dizer esta coisa muito simples: quando for Governo, proibiremos gastos institucionais que visem a publicidade aos actos dos dirigentes. Já ficava a saber de uma mudança. Assim, nada me garante que não irei ver com estes os mesmos outdoors a dizerem que fizeram e aconteceram...
Está triste esta terra.

terça-feira, dezembro 21, 2004

A consciência do carimbo

Eles são, na verdade, apenas números. Por isso, a ligeireza do carimbo no anúncio de que passaram a esta categoria. De repente, o sobressalto causado por alguém que se lembrou de pensar e pôr em causa esta coisa da relação custo-benefício. Na verdade, é diferente o preço de um minuto Rumsfelf do de um funcionário menor. Segundo a lógica de maior rentabilização possível dos recursos, o carimbo estava absolutamente certo. É como tantos outros princípios sem princípios, por exemplo, o utilizador-pagador. E do fundo da América, eis que emerge esta ideia contra-corrente de que afinal não cabe tudo nesta falta de princípios. Há, pois, limites para esta selvajaria liberal.
Alguns imaginarão que, ainda assim, pedir desculpa é bonito. Apesar de tudo, a loucura procura o perdão e vai agora começar a fazer como sempre deveria ter feito. Até pode ser pedagógico, tomar consciência pessoal do que anda a fazer, ter a noção de que também ele tem responsabilidade neste blog de várias postagens diárias. Por baixo da mão dele vão passar diariamente as cartas, vai ser mais real para ele, apesar de tudo. Que lhes faça bem ao sono e o não deixe dormir tão bem! O melhor seria, seguramente, ter de ir pessoalmente a casa das famílias contar as novidades.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Coitadinho

Já não bastava o que lhe aconteceu e revelou finalmente ao país, o grande Santana agora ainda é acusado pelo Expresso de ter guardado um hospital para ele. Mas, bem vistas as coisas, será que quem revela que «Tenho as costas cheias de cicatrizes das facadas que levei» (sic na TVI) não tem direito a assistência médica? Assim que haverá de estranho na recente revelação do Expresso: O 1º-MINISTRO, Pedro Santana Lopes, requisitou ao INEM o equipamento de emergência reservado ao acompanhamento de altas individualidades, fazendo-se acompanhar permanentemente por esses meios de socorro, no país ou no estrangeiro. O equipamento, uma espécie de unidade de cuidados intensivos móvel, foi solicitado ao Ministério da Saúde sob confidencialidade antes de Santana Lopes ir ao Brasil, em meados de Setembro, não tendo sido devolvido
Sinceramente, o que eu estranho é que não tenha feito queixa à Judiciária e não tenha posto no olho da rua a legião de guarda-costas que arranjou e o acompanham. Não sei mesmo se até o Ministro da Defesa não deveria ser responsabilizado. Afinal, sempre foi um ataque a uma figura do Estado. Se não pediu protecção a este, possivelmente, foi por prever que as facadas ainda não acabaram, embora historicamente, o homem que nos defende, pareça ser mais dado a sopas envenenadas... Realmente, nos dias que correm, todo o cuidado é pouco, coitadinho do homem!
E como se tudo isto não bastasse, agora até os aviões que o transportam se atrasam e não o deixam chegar ao Porto a horas. Há mesmo pessoas que não nasceram para ser Primeiro Ministro!

domingo, dezembro 19, 2004

Um país de fé

Continuam a fazer contas, como os alunos, que em vez de estudarem as matérias, vão imaginando as médias que poderão ter se... Se e mais se e depois as contas saem furadas e a média não chega e em vez dela chega antes a depressão.
O país agora rege-se pelo cálculo, não o matemático, mas o do golpe que melhor enganará a seu favor os idiotas que os mantêm. Primeiro, foi o casamento feito e desfeito vezes sem conta. Lá decidiram a separação, por nada de substancial, mas apenas porque parece ser mais eficaz em termos contabilísticos. Que diferenças programáticas apresentarão para que um tipo de direita vote no CDS ou no PSD? É um dilema, bolas! Afinal eles têm um programa comum, para quando forem maioria e antes também têm dois programas comuns? Votar à direita vai ser uma questão de fé.
Depois é a chamada esquerda com o pobre do líder da esquerda moderna a pedir sempre a maioria absoluta. Ainda não pensou bem no programa, a sua única preocupação é ter a tal maioria que depois lhe permitiria fazer o que lhe apetecer. O homem quer os votos também na base da fé. Se acreditam em mim, votem em mim, é a sua mensagem Só que nós gostamos de votar em algo mais real e concreto e sem necessidade de fé.
O pobre do Bloco ora se liga ora se desliga. Não sabem muito bem o que será mais conveniente. Não, não se trata de conveniência política de execução de um determinado programa, mas somente de conveniência estratégia. Que efeito terá dizer-se que se vai apoiar o PS? Como irá comportar-se a fé, perante tal dito?
Finalmente, o PC pede a não-maioria absoluta. Também sem especificar nenhum programa. Também apelando a uma questão de fé (até estes, santo Deus!). Apenas para depois poderem ter algum poder de intervenção, alguma negociação mais ou menos limiana.
Acho que todo este apelo a fé, que vai de uma ponta à outra, só existe porque deixaram de ter fé na inteligência deste povo, porque desprezam o seu saber. Espero que estejam enganados, ou seja, ainda tenho fé. Eu, o último dos crentes.
Mas era bem melhor, mais mobilizador que a discussão fosse outra, mais real, terrena. Que analisassem, por exemplo, até que ponto isso da inevitabilidade das privatizações da saúde, do ensino, da segurança social é assim tão inevitável. Que dissessem o que pensam exactamente sobre este tema para se perceber quais as diferenças entre o PS e o PSD, por exemplo. Afinal, parece que nem tudo é assim tão linear e tão definitivo. Parece que a história ainda continua. Numa das pontas da Europa,como na Gália, resiste-se ao modelo e com êxito, perante as loucuras imperiais. Sem alargamento do número de excluídos na saúde, por exemplo. Parece ainda haver lugar para o Estado, um Estado melhorado, mas com solução para o problema que afinal o Privado não resolve. Afinal a Finlândia, terra de impostos elevados, parece ser competitiva e não fica propriamente em Marte, está dentro do Mercado global... Afinal, como diz Boaventura Sousa Santos, A economia de mercado só é socialmente útil se a sociedade não for de mercado. Para isso, é necessário que os "bens sociais" como a saúde, a educação e o sistema de pensões sejam produzidos por serviços públicos, não sujeitos à lógica do mercado. Uma coisa é reformar para viabilizar o sistema nacional de saúde, de educação e de pensões (Finlândia), outra coisa é privatizá-los sob o pretexto de que são irreformáveis ou inviáveis (Portugal).
Será que vai haver tempo para se discutirem temas simples como este ou não mereceremos mais dos políticos que temos do que cálculos de como nos poderão melhor enganar?

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Gestos

Vir de propósito ao hospital e pedir uma receita de um medicamento apenas para chegar à fala com o médico. Como se fosse clandestino. Depois, abre o jogo e diz-me, doutor posso deixar-lhe estas garrafas de vinho do Alentejo? Como se de uma carga secreta se tratasse. São coisas destas que me fazem sorrir.
Para explodir tenho os comentários de quem nunca pode ver mais um doente dos que os que tem marcados, venham eles de onde vierem, às vezes de mais de cem quilómetros.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Farto

Mas só irão discutir políticas de alianças, só contabilidade pré e pós eleitoral? Mas os jornalistas deste país não conseguem ter mais curiosidade, perguntar ao Engº candidato a PM, o que vai fazer exactamente, em que vai ser diferente do Dr. ex-PM? Não é nas linhas gerais que são diferentes, aí da extrema direita à extrema esquerda, todos vão fazer as mesmas promessas. Têm de ser questionados no concreto, espremidos ou ficaremos com a noção habitual de que são todos iguais e depois a abstenção ganhará as eleições. É isso que se quer, desacreditar ainda mais a dita democracia?
E a horda de potenciais abstencionistas também tem de ser responsabilizada. No fundo se acham que os políticos não servem, substituam-nos!

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Estou bem com o tempo

Não me entusiasma a ideia de serem 2 vezes 25. Isso seria voltar a um tempo de muitas dúvidas e caminhos de grandes inclinações. Não, não encontro vantagens nessa adrenalina, prefiro o caminhar em terreno plano ainda sem horizonte à vista. Felizmente, tenho a lucidez suficiente para perceber que não tenho 25 e também a sorte de estar bem comigo nos 50, sem saudades dos 25. Já me habituei ao contínuo do tempo e percebi o que são os artifícios dos relógios. Só neles a fragmentação existe, na realidade o tempo é uma sucessão sem paragens nem mudanças, um empilhar de peças sem fim. Quando se olha para baixo (ou para trás) podemos deliciar-nos mais ou menos com a perfeição da torre que as peças formam. É no cume dela que continuamos e pouco importa imaginar outros caminhos, quer antes quer em frente. É nesta altura, talvez só muito recentemente, que comecei a gozar o prazer de estar neste momento, sem inquietações, numa observação serena da paisagem.
Não tenho nenhuma ciência do viver, mas as coisas têm saído bem, espontaneamente. Até as grandes obras, que todos, alguma vez na vida, sentimos ter de deixar, já aí estão nas dúvidas próprias dos seus tempos, aparentemente bem cimentadas e prontas para o caminho. Um dia talvez cheguem a este patamar de contemplação e tenham a sorte de apreciar, como eu, que 50 é melhor que 2 vezes 25. É o que lhes desejo hoje.
Por coincidência, foi também este o ano em que os 2 fizemos 25 anos. Só neste contexto, melhor que 50, é 2x25 e o caminho está aí à espera da continuação da caminhada, na descoberta de novos horizontes e paisagens, no gozo mútuo das surpresas tranquilas dos sentidos.
Aqui chegado, tudo o resto é muito pouco, momentos de passar, passatempos apenas. Mas até esses foram momentos de sorte. Foi cheia a estrada da clandestina certeza da chegada à luz naqueles tempos do breu. Aquela manhã em que o exílio desapareceu no horizonte e surgiu, de repente, a possibilidade do caminho ser aqui. Mesmo a amargura de Novembro acabou por ser bem vinda. A vida se encarregou de lhe dar algum sentido. Teria sido outro o caminho, também com alegrias, que isto de bem-estar é mais um estado de espírito. E agora, a felicidade, de na descida à escuridão, saber que somos mais e mais a resistir. Um destes dias, quem sabe, de novo irromperá a madrugada. Tentarei fazer por isso.

terça-feira, dezembro 14, 2004

Finalmente

Finalmente a decisão da separação por ordem das bruxas. Ainda assim, fica o desafio de tentar perceber em que diferem aqueles que de trapinhos juntos viveram estes mais de dois anos. Ah pois!, não foram só uns mesitos. Irão separados para parecerem diferentes? Pensarão que a memória é ainda mais curta do que é? Ilusionistas!
Vai ser curioso ouvi-los e será que o Paulinho vai correr as feiras ou será delas corrido?

A palavra às bruxas

Do caldeirão das bruxas continua a sair um fumo negro e o minuto vai acabar por entrar no guiness. Este país pequenino de longos minutos vazios enquanto as bruxas decidem.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Olhares para dentro

As dificuldades de ser diferente e ao mesmo tempo tão igual a tantos. O corpo e a sua importância para que nos aceitem ou será ao contrário? No fundo, a incompetência para ser-se regrado e controlar os impulsos pelo chocolate ali ao pé.
Olhem para mim, uma tradução estranha, no sentido de alguém que procura a sua imagem sem a encontrar como quer e, nessa busca, fica cego ao que o rodeia, possivelmente, ao mais importante e eterno. Angústias de meia idade pela futilidade do êxito transitório.
Também mais um retrato do meio em que se move a fauna dos artistas, intelectuais e que tais.
Gostei de ver ontem pela manhã.
E no dia dedicado às artes, a tarde no Teatro a ver «Democracia». Assim, estaria melhor, com aspas, que este conceito é complexo. A história de Willi Brandt e o seu traidor espião de leste. O relacionamento de pessoas e a história e as angústias da vida pública, na evolução das ideias, na procura de se estar no tempo em que se está, com os olhos postos no futuro. A vertigem dos jogos dos partidos, a interminável sacanice dos homens e a ascenção do poder da imagem, do efeito inesperado nas massas ululantes, os excluídos da democracia. Poderá haver democracia, se continuarmos na história de personagens e figurantes? A peça corre o risco da identigficação do seu título com a queda de um muro. A queda daquele muro não é tanto o início da democracia, mas muito mais a vitória de um sistema, o liberalismo, ele próprio gerador de muitos muros que bloqueiam o caminho até ela. No fundo, naquele dia criou-se a ilusão do fim da história, da inevitabilidade do primarismo selvagem da hipervalorização do individulal sobre o colectivo. Não me parece que seja este olhar para cada um de nós e a cegueira para com o que está à volta, que nos vai levar onde queremos ir. Teremos, definitivamente de olhar para fora de nós, para o importante e eterno. Até lá teremos democracia, mas apenas com as aspas. O poder do povo virá quando a indiferença acabar e todos participarmos.

domingo, dezembro 12, 2004

O longo minuto por culpa das bruxas

Pronto, o Sr Lopes demitiu-se! A partir de agora, fica o exemplo para quando se é despedido com justa causa. No dia seguinte, telefona-se ao patrão e diz-se, fique sabendo que me demito! Não faz mal este país não ter governo. Desgovernado já andava antes... Evolução na continuidade, portanto. Nada de novo. E afinal, vários dias depois de o PP já saber muito bem o que ia dizer ao País no minuto seguinte a falar o PR, aqui estamos roídos de curiosidade sem sabermos se, afinal, temos ou não casamento... E o António até já tinha feito o retrato. O homem lá faz aquela cara de general, peito feito, menear de cabeça, olhos projectados ora para baixo, ora para cima, (quanto tempo passado ao espelho!) mas sobre a ligação, nada para decepção deste país.
Parece que foram à bruxa (que ele até já foi perito dessas técnicas quando andava de Jaguar), mas como acontece nestas coisas, os resultados das consultas não serão muito concordantes... Terão de consultar mais? E o minuto vai crescendo...e nós à espera

sábado, dezembro 11, 2004

Imagem de casamento anunciado


(Antonio, no Expresso, hoje) Posted by Hello
Não resisto a mostrar...

O casamento do dia

Conheço vários tipos de casamentos, os por amor, os por conveniência e os por necessidade. Os primeiros são aqueles que mais gratificam os que têm esse privilégio e os familiares, geralmente são os que melhores frutos dão. Os segundos agradam à família, apesar da indiferença das partes. No futuro há uma sobrevivência garantida. Os casamentos de necessidade são tolerados pelos familiares apesar da tensão dos noivos e por todos são vividos com grande apreensão. Mas afinal, a necessidade justifica o acto e o futuro logo se vê, mas não se antevê que seja brilhante. A necessidade, contudo é inultrapassável. É uma aposta de jogadores à beira da falência.
Julgo pertencer a este tipo, o casamento que anunciam hoje mais para o fim do dia. Um dos noivos já afirmou que só ele é responsável e que todos os erros da relação serão do outro. Mau prenúncio nas vésperas do casório. A família do outro já disse que este não vale nada, é um falido. No entanto, sabe segundo que a língua viperina do primeiro revelará em público todas as confidências feitas entretanto. O casamento permite ao primeiro uma última esperança de continuar vivo à custa da conta corrente do segundo, embora o mais certo seja a ruína dos dois. Mas está naquela de não haver já nada a perder. É-lhe da natureza o risco desesperado. E quando vier o divórcio, logo gritará bem alto a incompetência do parceiro de necessidade de hoje e ainda culpará a família, que assim o orientou agora, numa tentativa de sobrevivência. No fundo, o que é, não o deve a oção sua, foi assim orientado. É o que ele diz, pelo menos.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Sem explicações

Só que isto é muito mais importante que todas as explicações que nos dêem hoje, porque isto não tem explicação. Eles também são gente e vivem no mundo em que estamos. Farto de política de vistas curtas, este sistema económico está profundamente errado, é preciso mudá-lo, as reformas são urgentes. É urgente o fim do Liberalismo, esta praga que nos consome. Há uma série de idiotas que nos governam que precisam ser demitidos e rapidamente:
At risk: 1,000,000,000 of the world's children
One billion children are at risk today from war, poverty and hunger, failed by the world's governments
By Stephen Khan

12/10/04 "
The Independent" -- They are a billion strong. Diseased, malnourished, uneducated, they are a people on the run from wars that take the lives of their brothers and sisters. And they are all children - half the children on earth today.In shocking revelations yesterday, the grim reality of daily life for the world's innocent generation was laid bare. More than one billion children are now being denied the healthy and protected upbringing promised by the 1989 Convention on the Rights of the Child. For them - the forgotten masses - violence, poverty and Aids are all that the year's end will bring. In Darfur in Sudan, wretched shivering souls wait for their parents in refugee camps. In Haiti, they huddle in shelters, having lost homes and parents to floods. In Iraq, they trample through the rubble of bombed-out homes.More than one in six children is severely hungry. One in seven has no access to health care.Despite debt reduction schemes and the vast sums of cash donated by individuals around the world, one factor keeps more than a billion children in a state of poverty. And that factor is war - usually over natural resources such as diamonds, oil and coltan, a mineral used in mobile phones, which are exported to the West.As two reports showed yesterday, perhaps the most chilling statistic of all is the number of young lives snatched by conflict. Since 1990, 3.6 million people have been killed on the front line in wars around the word - almost half of them were children.Survival, though, is merely the start of further great struggles to reach maturity. A billion continue to be "denied a childhood" - 20 million are forced from homes and communities by fighting. The world's political leaders are failing them, according to the United Nations Children's Fund (Unicef). Governments are not delivering on long-held promises to protect their rights.At least 640 million children do not have adequate shelter, while 140 million have never been to school. Safe water is something that 400 million children are denied while 500 million live without basic sanitation. And 90 million starved.From the heart of Africa, where conflict last year tore through nation after nation, to Latin America, where hurricanes uprooted families, and Asia, where floods and landslides swept whole towns away, it is clear that one group of people pays more than any other - the young and defenceless.Yet it needn't be that way. "What we are saying in this report is that choices made by political leaders in many cases are very often negative when it comes to children," the executive director of Unicef, Carol Bellamy, told reporters in London at the launch of The State of The World's Children.Despite signing the UN Convention on the Rights of the Child, many governments are failing to fulfil its principles, the report claims. The convention commits signatories to provide a healthy, protected and decent childhood for every person born.Yet last year, 30,000 under-fives died preventable deaths. And while child mortality rates fell by a fifth over the decade, more than 10 million children perished in 2003.The shadow of Aids lingers long. Half a million children under 15 died of the disease last year and 2.1 million children across the world live with HIV. Fifteen million children have lost a parent to Aids - 80 per cent of whom live in sub-Saharan Africa.Unicef says the solution is clear. Goals set by the UN in 2000 to lift poverty across the globe could be achieved at a cost of £52bn. Last year the world's nations spent £712bn on weapons. And it is those guns, mortars, mines and shells that maintain the status quo of suffering.While more than 1.5 million children died in the front line of combat zones in the years since 1990, the actual number of deaths indirectly caused by war is much, much higher. The true global figure is perhaps impossible to gauge.Another survey into one of the world's most battle-scarred regions was released yesterday and it provides an astonishing picture of death and destruction wreaked by the machines of death. With the security situation once again rapidly deteriorating in the Democratic Republic of Congo, the International Rescue Committee issued a mortality survey which revealed that six years of bloody conflict in the country have claimed 3.8 million lives.Teams of physicians and epidemiologists found that between January 2003 and April 2004, more than 1,000 people a day died in excess of normal mortality rates. Of nearly 500,000 additional deaths, half were children.Tony Blair, who has described Africa as a scar on the conscience of the world, has pledged that Britain will take the lead on ending poverty, debt and war on that continent.His Commission on Africa is about to launch a report setting out a strategy. The challenge before him is great. For this is the continent that remains the ultimate example of international failure. © 2004 Independent Digital (UK) Ltd


Como querem que me sinta, quando me veem com conversas do tipo, não acham que devemos tratar com hormona de crescimento, as crianças que não têm deficiência de secreção, mas estão baixinhas? É que não há mesmo pachorra para alienados!

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Até amanhã

Anda à solta o disparate. O PR lá está hoje a perder um dia de trabalho, a ouvir os partidos que lhe vão lá dizer o que já disseram repetidamente a toda a comunicação social. E que vão repetir até à exaustão, à saída do Palácio. Já sabemos, obrigado!
Fez bem, conduziu bem o processo, foi táctico? Amanhã dirá. A mim pouco me interessa. Apenas lamento que tenha decidido tão tarde. A decisão era há uns meses atrás, porque um governo destes já se sabia o que daria, que teria de ser posto a andar por indecente e má figura. Por isso fez bem, embora tarde. Este atraso tem consequências graves, pois Ferro Rodrigues, malgrè tout, não é a mesma coisa que Sócrates. E haveria Jerónimo se a dissolução tivesse sido na altura certa? Devia ter dissolvido a Assembleia, se o que achava mal era o governo? Claro, a Assembleia deve ser responsabilizada pelos seus actos e ter aceite este governo é razão suficiente para a mudar. Uma decisão política acertada. Ainda espero que não tenha agido tacticamente, isto é, por achar que o PS de Julho não oferecia garantias. O actual oferece bem menos!
Portanto, que se lixe a forma, o conteúdo está certo: todos para a rua! Neste momento estou bem mais curioso com o que dirá o supercompetente PP, que já ontem sabia, mas não dizia. Poderá aceitar uma aliança com este PSD turbulento e mal gerido e safar-se, pessoalmente, a um julgamento popular ou estará numa de afirmação da sua qualidade e não poderá casar-se com Santana e avança sozinho? E Santana, dominado que foi no governo, teme assim tanto o dominador, que precisa de o convencer ao casamento? Fico na expectativa até amanhã, esperando bem, que seja o primeiro dia do fim da vida política destes dois, casados ou separados tanto faz.

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Beau Sejour

Lembro-me de puto olhar da varanda do 405 aquele portão grande ali em frente. Na altura, ia-se buscar, na cafeteira, o leite à vaca da quinta das campaínhas. Ainda agora parece que me lembro do calor desse leite ainda morno e puro como dizia a minha avó. Mais tarde a porta fechou de vez. Naquela altura, ainda os eléctricos passavam na Estrada de Benfica. E havia outras passagens a caminho da Carregueira em marcha ou passo de corrida com gritos surdos de Angola é nossa. Alguém me dizia também que de quando em vez no fundo da coluna havia um sussurro que dizia, já foi... Pelo Inverno, aconteciam as cheias e pelo portão jorrava um rio que alagava a Estrada e os carros paravam. Apareciam bombeiros e homens de galochas. Da janela do primeiro andar contemplei muitas vezes a grande quinta.
Mas só agora, entrei pelo portão aberto de par em par. A quinta que foi da Baronesa da Regaleira, de Barões enriquecidos no Brasil e de outros acabou na posse da Câmara Municipal de Lisboa e passou, finalmente, a ser Beau Sejour, com jardins e palácio aberto a todos. Finalmente, foi possível perceber porque pararam os prédios daquele lado da Estrada e sentir um pouco do que era Benfica noutros tempos. Um trabalho de recuperação permite agora realçar o trabalho que os irmãos Bordalo Pinheiro por ali fizeram. Ganhei um jardim onde ninguém estava nesta manhã, como se um lugar de calma não pudesse fazer parte da cidade onde nos movemos. Ainda bem, espero pelo Verão que virá para ali me sentar na companhia de um livro. Poucos vão ler isto aqui. Assim, está garantida a calma desse momento. Os que lerem podem vir, fico bem acompanhado.
PS: Tentei fazer um link para a CML (www.cm-lisboa.pt) para aqui deixar algumas notas mais sobre o Beau Sejour. É isto que se obtém. A câmara da capital de Portugal tem este belo site!!! Pesquisando no Yahoo, ainda encontrei uma saudação do Dr João Soares... O ex-Presidente Santana, actualmente ex de muito mais coisas e que prometia um governo virtual (conseguiu!) era assim que lidava com a informação na Internet. O que ele gosta é de placards pela cidade e centrais de informação.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Há tipos lentos

Três vezes lhe perguntou. As razões de tanta dúvida pergunto eu. Três vezes? Por que terá aquilo que ouviu induzido tanta pergunta? O ralhete deve ter sido forte. Apesar de tudo, mantinha a esperança de algum perdão e perguntou, perguntou três vezes. A resposta veio, como devia, sem perdão. Aqui d'el rei então, que já se não perdoa o imperdoável, que já não se tolera mais a incompetência de um governo prematuro e mal incubado.
Lá mais para o fim da semana, também nós, iremos saber as razões do Presidente. É uma curiosidade. Este país todo já sabe há muito quais as razões porque devia ser demitido este governo. Já todos tínhamos percebido que não havia outra saída. Estranhámos foi a entrada. E perdemos com isto, pelo menos perdeu-se um PS onde o vácuo não governava completamente como agora parece ser o caso.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Land of Plenty

Naquela terra há isto que nem se imagina. Vagabundos que não entendem por que razão não gostam deles, como é possível que alguém que não seja comunista ou terrorista, comemore a queda das suas torres, que esperaram até ao fim que não caíssem e deixassem aquele enorme buraco na Terra da Abundância. E há outros, raros, que viram os outros não gostar deles e vão lá à origem tentar perceber o incompreensível. Talvez levar também a mensagem de que há mais mundos. Quantos americanos vêem Wim Wenders?

domingo, dezembro 05, 2004

Vieira da Silva


Posted by HelloVieira da Silva

Silêncio de domingo

Lisboa fica tranquila neste tempo de domingos solarengos e algo frios num brilho ajudado pelo azul forte do céu. As ruas vazias, o silêncio do jardins de Outono, ali ao pé do Museu, que já foi fábrica de sedas.
Vieira da Silva é uma ilustração deste país que a negou, a comprovação, uma vez mais, de que somos bons artistas e maus patronos (patrões). Um fado triste. Felizmente, há mais mundos e ela teve a sorte de os ir ver. Por isso, hoje a temos no que nos deixou.
Pelas rectas e curvas das linhas dos quadros a tela perde o plano. Da imagem abstracta salta a boca do túnel ou a cidade que se levanta, quase para fora do quadro. É o silêncio da cidade, como o que é visível das alturas de uma torre de vidro em Manhatan. Os emaranhados do silêncio, quer seja nas linhas das cidades, nos jogos de cartas ou de xadrez. Uma tranquilidade sem fim, na transmissão tridimensional da vida que nos mostra. Vem-me à memória o silêncio uniplanar de Mondrian. Só que aqui algo renasceu, pela perspectiva, para a diversão dos olhos.
Esta exposição de Vieira da Silva, actualmente em Lisboa, deu-me ainda uma imagem mais tranquila da cidade onde, por estes dias, todos se esconderam nas compras dos Centros Comerciais.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Renovado

Hoje estou-me nas tintas para o que se passa por aí. Hoje é um dia importante na minha vida. Vou fazer a última urgência nocturna. Tenho reparado que alguns colegas reagem a isto com alguma saudade, alguns até gostam do serviço de urgência, das noitadas mais ou menos em claro. Eu não, aliás, nunca gostei. Ao fim de todos estes anos, também acho que já prestei serviço cívico suficiente. Tenho direito a estar tranquilo sem ter de sentir o dia seguinte a correr lento, as horas meio paradas. Estou ansioso por sentir as semanas de 7 dias, a minha cama garantida todas as noites que eu quiser. :)

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Patético

Luís Delgado ainda estrebucha. Este texto é uma pérola de resistência. Há quem perante a evidência, a negue e, como diz o outro, «quando a evidência está nas coisas e a inteligência não está nas pessoas, nada feito». Mas lá que é patético, é.
Mota Amaral tenta um pequeno golpe. Mas afinal quem anunciou a dissolução da Assemblei foi o PM, antecipando publicamente uma conversa que tinha estado a ter com o PR... Um tiro açoriano...
João Jardim é que sabe: são todos (PR, Cavaco Silva, jornalistas do contnente e mais alguns) uma cambada de comunistas. Já se viu deitar um Governo abaixo só porque vinha aí um maderense... acabar com o provincianismo. ("Tenho a impressão que há em Lisboa quem se assuste com a entrada de madeirenses em funções governativas na República porque toda a gente sabe o que nós pensamos do sistema político e que, nós a irmos para lá, é para meter aquilo tudo na ordem").
Euro News via AvantGo: Contando o início da história: «...Santana Lopes assume a chefia do Governo. A nomeação do antigo presidente do Sporting para primeiro-ministro mereceu uma chuva de críticas vindas de quase todos os sectores». Voilá a grande mais-valia curricular de Santa Lopes! Com um curriculo destes, estava, obviamente, condenado à derrota.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Notas depois do que ouço por aí

Mas é claro que o PSD tem de estar disposto a aprovar o Orçamento. Que outra coisa poderia esperar-se? Certamente que, convencidos de que vão ganhar as próximas eleições, terão toda a vantagem em governarem até lá com este Orçamento e continuarem depois a dar continuidade ao Orçamento que propuseram. Como é que há gente que pode pensar que seria de outra forma? Vão, aliás, mostrar na próxima campanha eleitoral que tinham toda a razão em tudo o que fizeram, que o PR só veio fazer o país perder algum tempo e este coro de unanimidade condenando a ´política deste governo (eu nunca tinha visto tanta gente de acordo desde o Ferraz da Costa à CGTP, é obra!) é que está enganado. Eles são o soldado que marcando passo ao contrário, são os únicos da formatura no passo certo. E ainda se vão rir ao verem o PR assinar a aprovação deste Orçamento e vão dar realce à coisa, se calhar, mostrando a incoerência do acto.
Vai ser uma campanha alegre! O Portas a mostrar que eles é que eram a moeda boa deste governo e o Sócrates a explicar por´que é contra as reduções dos Impostos e por aí além vai haver um pouco de tudo.
Na verdade Sampaio, está a sair melhor do que a encomenda. A estratégia maquiavélica de que falei em Julho parece estar em marcha. O PS agora está mais compostinho, apesar de ter um líder de plástico e a imagem do PSD está bem mais arruinada com o descontentamento generalizado que tanta asneira fez nascer. Estão criadas as condições para uma vitória fácil do PS ou seja para substituir a principal agência empregadora do país nesta democracia de alterne. Dentro da lógica desta brincadeira do papelito dobrado há ainda assim um aspecto positivo; com esta situação, não haverá necessidade de voto útil no PS, o que pode permitir que os que ainda nos não governaram, eventualmente mais votados, possam vir a ter algum papel a partir de Fevereiro, contrariando, de alguma forma, a vitória do novo plástico.

Agitação

Regressado da sua longa viagem a Saturno, eis que chega JPP. Cheio de energia de agit-prop aí está ele a empurrar o Grande Líder e a acusar os jornalistas. Como era bom ser Ministro da Propaganda de um futuro ex-Primeiro Ministro... E só não será se tivermos memória, que é uma coisa que nos tem faltado ciclicamente. Há que estar atento, que o saco de gatos já está a começar a ser desatado e a bulha vai ser grande.
PP passou a noite, à porta fechada, a encher os pulmões. Virá logo, peitaça feita, mostrar como são os bravos da terra. E dirá forte, Eu fico! (desempregado?)